" A mulher mais mentirosa do mundo "

Evaldo da Veiga



Mentia sobre os mais variados temas: saúde, esporte, educação, religião, bondade, leitura... Era, sem dúvida, sobremaneira eclética.
Eu gostava dela, e até acho que ela só mentia pra mim. O amor e sua diversidade...
No primeiro ciclo de convivência disse-me que a válvula mitral do seu coração estava quase que completamente fechada; que o médico dissera que só faltava um pouco...
No segundo ciclo, disse que estava com tuberculose e depois da separação, escreveu: “minha saúde é muito frágil, o que complica a situação: meu fígado, meus rins, meu coração, estão muito frágeis e tenho um sistema imunológico muito fraco, tudo isso torna muito difícil o tratamento”.

Em verdade, ela subia escadas, dirigia carro, andava pra cá e pra lá, longe e perto, visitava  amigas, mas pra im dizia: “sinto muito cansaço e estou na base de remédios fortíssimos, que não me deixam dormir e tenho que ter muito repouso, tanto físico como psicológico”.

Esta mulher hiper mentirosa produziu-me um stress acentuado em várias ocasiões, mas eu gostava dela. Às vezes, ELA virava peça humorística debochando e ridicularizando a própria saúde, fazendo uma caricatura de si mesma.

Convivi com mulheres de todos os tipos, e essa era assim. Mas apesar de mentirosa, tinha inúmeras qualidades e foi bem amada. É um grave crime de omissão não amar a mulher que também convive com os nossos inúmeros erros. Mulher nasceu pra ser amada. E o amor, torna a mulher bem especial, e ELA ainda o é.

N _ Imagem, Tela do Salvador Dali

evaldodaveiga@yahoo.com.br