NEM UM DIA SEM UMA LINHA
 
 
 

Em matéria de escrita estou pensando seriamente em me tornar  um ser/inseto pedante, e vou começar citando Deus em latim, já que ele não fala português e Ele disse: Ego sum qui sum,   foram palavras dirigidas a Moises e quer dizer “Eu sou o que sou”.

 
Eu também, Deus, sou o que sou.
 
E vamos nós para uma conversinha entre eu e o meu comigo para que não fique nulla dies sine línea – “nenhum dia sem uma linha”
 
-Escrever é preciso, avia-te que já é tarde!
 
-O que direi? Dá-me um mote!
 
-Eis: Buscas a felicidade e eu a   infelicidade
 
-Não. Não gosto do emprego da antítese.
 
-Não seja por isso, eis um outro: Morre-te um, foges, foge-te outro, morres.
 
-Quem disse que eu sei usar o epânodo?
 
Oh, Deus!, o sol já se esconde, o dia está se indo e ele terá que ter uma linha. A coleguinha cigarra já canta, saberá ela versos alexandrinos de Berney...? Aqueles que dizem... Eu levo na retina/ a ardente e deslumbrante imagem / deste amor que é mais forte que a morte
 
 Falei de amor? Por quê? Inseto ama? Acho que não, são estúpidos. O que fazem os insetos mosquitos, senão rodearem a lâmpada sem nunca conseguir alcançar o filete de luz que emana dela, onde acreditam estar a essência da vida deles. Morrem queimados os coitadinhos. 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 24/06/2010
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