Mísera Educação II

Falávamos sobre valores, eu e mais alguns. Valores pessoais, individuais. Eram pessoas, estas, de uma capacidade intelectual invejável, todos educadores. E isso foi o que mais me espantou. Quisera eu que fossem todos analfabetos, inteligíveis. Mas não. Eram formadores de opinião de uma massa. Consegui identificar em seus discursos pensamentos retrógrados, hipócritas. Discursávamos sobre uma moral surrealista que a sociedade nos impõem, uma moral subjetiva, ilusória. De fato todos têm seus motivos, mas ficarmos remoendo um método educacional do passado, uma forma rigorosa de ensino, que supostamente dava certo. Precisamos acordar! Urgentemente necessitamos perceber o mundo que nos rodeia, os riscos aos quais os adolescentes se expõem todos os dias. Violência urbana, drogas (lícitas e ilícitas), gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, AIDS, analfabetismo, acidentes automobilísticos, preconceito, pedofilia, estupro, prostituição, seqüestro. Eis que ainda há sujeitos que pregam o maldito moralismo. E o que é moral? Não seria uma mera subjetivação? Algo não concreto, dicotômico? Precisamos entender, valores morais é algo individual, de cada um. Nós, formadores de opinião, não podemos, em hipótese alguma, impor nosso ponto de vista, especialmente para adolescentes. Há a necessidade de expormos limites, explicarmos riscos, ensinarmos, educarmos. Sempre de maneira correta. O que o jovem mais tem são dúvidas. Precisamos esclarecer-lhes, pois somos nós as pessoas certas. Não podemos deixar os jovens esclarecerem-se com estranhos, nas artimanhas da vida.

Explicar, definitivamente, não é incentivar.