O resto é apenas a seleção...

Nesses tempos de copa do mundo, como ocorre nos demais eventos, há manifestações, as mais diversas sobre esses fatos de época, porém a paixão pelo futebol me leva entrar na onda e também por o meu dedinho opinativo, não necessariamente sobre o futebol, mas sobre suas repercussões na mídia. Há tempos que uma espécie de “incomodômetro” deveria ser ligado junto aos cérebros da competentíssima TV Globo. É até possível que exista um ombudsman em suas entranhas sem que seja do meu conhecimento, entretanto tendo a duvidar diante de fatos que considero deslizes da emissora. Reconheço que as posições de liderança têm inimigos e concorrentes tendo que haver firmeza para mantê-la; que o jornalista precisa da notícia para justificar a sua missão; que o público espera sedento por um bom noticiário; que a seleção brasileira de futebol, composta por atletas que são quase todos ídolos mundiais é o habitat certo das trupes envolvidas, porém todo esse circo é armado pelo objetivo da seleção que é ser campeã! Se houver qualquer ameaça a esse objetivo, seja fogo amigo ou não, essa ameaça deve ser extirpada e o Dunga é um fiel escudeiro desta filosofia vitoriosa. Provou isso durante a sua curta carreira como técnico de futebol e ganhou (pelo menos de mim) o direito de comandar a seleção como lhe aprouver junto à comissão técnica tal como ocorreu com o Felipão. Estamos acostumados a ver as reportagens dos momentos mais inesperados dos jogadores, nos locais mais inusitados, tratando dos assuntos mais bobos e ficamos com clara sensação de que é para encher a grade de programação esportiva. Isso infla egos dos atletas cuja vaidade estava amordaçada pela seriedade da missão, perturba concentração, suscita fofocas noticiadas bombasticamente embaçando o foco da equipe. Já vimos isso e suas conseqüências, embora saibamos que esse não é o único fator, bem como já vimos a seleção reclusa (1994), com a comissão criticada do mesmo jeito voltar campeã. Vimos também o maior lobby, (depois da campanha do Collor), para que se levasse o extraordinário, mas desagregador Romário para a copa de 2002 e estamos vendo a represália por isso não ter surtido efeito, que é a pouca veiculação das imagens desta copa em relação a outras (só se mostra a de 1994, quase nunca a de 2002).

A impressão que dá é que, se pudessem tirariam o Dunga do comando da seleção e colocariam alguém de “bom relacionamento” com a imprensa não importanto muito o resto.

Que a imprensa é importantíssima, fundamental mesmo, todos nós estamos conscientes, no entanto, interesses de grupos que brigam por concorrência ou pela hegemonia da informação fazem com que suas atitudes não sejam inquestionáveis quando esse seu ponto fraco pode por em risco o próprio trabalho do qual sobrevivem e a confiança das pessoas para quem trabalham: a audiência!