EMPURRANDO A MORTE -*
Vim de Brasília e lá trabalhava com mudança, mais propriamente com as embalagens envolvidas nesse processo. Tive inúmeras oportunidades, todas aproveitadas, de conhecer pessoas em transito e os problemas e soluções advindas desse processo.
Pois bem, há mais ou menos um ano e meio me mudei para Peruíbe, litoral santista aqui estou trabalhando com cadeira de rodas e outros para aluguel.
Cada vez mais a ciência dá conforto no processo de recuperação. Pessoas que tinham deformidades genéticas se escondiam ou por vergonha de si mesmo, ou seus familiares faziam o mesmo com eles pra expurgá-los da sociedade numa clara intenção de esconder a sua sina ou de defendê-los de preconceitos das pérfidas regras sociais. Agora os vemos nas ruas, se casam, trabalham.
Podíamos enumerar dezenas de problemas ou melhor dizendo soluções médicas para algum limite físico, mas para que? Se as para-olimpíadas estão ai com atletas recheados de medalhas, provando que não existe limite para o sucesso seja do ser humano ou da ciência.
Isso me lembra quando estive na praia outro dia, e vi um cliente com uma enfermidade que na minha visão era terrível e ele estava aparentemente bem, ria e brincava.
Senti um calafrio quando me ocorreu que a pouquíssimos anos atrás qualquer pessoa de idade avançada que esquecesse do seu endereço, netos, filhos eram tratadas como velhos “gagas”. Hoje sabemos que esse esquecimento é um mal que atinge milhões independentemente da faixa etária.
No futuro com o avanço da medicina iremos para praia, viajar, passear, trabalhar e talvez receberemos um telefonema de nosso médico nos avisando para pararmos o que estamos fazendo, porque vamos morrer e devemos nos recolher para algum lugar seguro e que não promova nenhum risco para ninguém. Ou será como no futuro?
DiMiTRi
29/04/09