ENCONTRO COM RUBEM BRAGA
Encontro com Rubem Braga
Era uma tarde comum. Daquelas que você fica em casa porque está resfriado. Aliás, “estar resfriado” é o melhor álibi que existe. Sem compromisso para as próximas horas, resolvi pegar um livro qualquer para folhear. Era um manual de redação de uma certa editora. Nunca gostei de manuais, por isso não esperava encontrar nele nada apreciável.
Foi então que o encontrei. Já conhecia textos dele, mas nada como aquilo. “Aquilo” era uma crônica de tirar o fôlego até do leitor mais apaixonado por literatura e poesia. Se chamava “O Vento que vinha trazendo a Lua” e, acredite, chegava a ser mais bonita do que o título. Genialidade, sensibilidade e algo mais que só pode ter saído da dispensa de Deus estavam ali. Nem preciso dizer que Rubem Braga saltou imediatamente para o topo da minha lista de escritores/cronistas preferidos. (Calma, Luis Fernando Veríssimo, você ainda é o número 1!)
Sou difícil de conquistar, mas muito fiel quando apaixonada. O escritor precisa ter “pegada” literária. Bom conteúdo é indispensável e o estilo do texto precisa ter charme e simplicidade. Mas confesso que não resisto a uma pitada de humor inteligente. Não é, Veríssimo?
Aquela crônica era o que faltava para Rubem Braga me conquistar de vez. Na verdade, ele já me paquerava há muito tempo, mas como eu disse, sou difícil.
Na crônica ele descrevia a lua vista da janela de um amigo seu, em Copacabana. Nunca estive em Copacabana, exceto quando li essa crônica naquela tarde. Cheguei tão perto daquela lua que “já havia nascido toda e subido um pouco sobre o horizonte marinho, avermelhada” que a fotografei em minha memória. E junto a ela, Rubem Braga, na janela.
A partir daquele dia Veríssimo teve que dividir com ele o meu tempo reservado à leitura de crônicas excelentes.