Anjo mau
Na paisagem de uma estrada confusa, percebi que aquela menina se propunha meticulosamente a traçar um futuro indefinido de maneira inconseqüente e irresponsável. Naquele momento Calina sorri! Resolvi observá-la de perto, mesmo sabendo que ninguém com tamanha falta de sinceridade, pudesse repetir aquele gesto sagaz com tanta desenvoltura.
Quando ela me chamou pra sonhar, pensei bem em um pesadelo perfeito; no entanto me disse sorrindo:
-Você sabe plantar ilusões? Sabe bem enterrar corações? Ou se prende em ilustres sermões?
Eu querendo fingir um pouquinho, misturar o pudor com carinho, pra depois várias vidas infernizar. Paciente, esperei o momento oportuno; sussurrando palavras ideológicas em seus ouvidos. Palavras vão como vento quando não ficam eternizadas em um pedaço de papel, voando como cinzas aleatórias perduradas pelo tempo em um local qualquer incerto e insano da história.
Acredito que falei difícil, depois que percebi que ela não entendeu nada, me dei conta que ela já tinha mudado de assunto. Desde então continuei sonhando... No silêncio medonho dos meus pensamentos, “como é bom degustar ilusões!” A viagem em um tempo vespertino traz cansaço, e ele me fez repousar.
Neste sonho me surpreendi, a “pentelha” em poucos segundos transformou um simples sonho em um pseudopesadelo! Naquele lugar diferente, em um gesto surpreendente; percebi como a vida estava quente. Dentre beijos libidinosos; notei que havia vários segredos a serem desvendados acerca dela, envolvi naquele travesseiro, sentindo então a grande umidade daquele belíssimo corpo febril.
Naquele dia, a noite passou depressa. Percebi a sua grotesca capacidade frenética e especial de emocionar a razão, desmoralizar a moral e ludibriar friamente um coração.
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