As coisas boas das ruins

É fato, ninguém gosta de ter problemas! Tudo bem, mas a vida não nos dá só o que queremos, e por isso temos de aprender a lidar com os imprevistos e infortúnios, pois sempre pode o problema ser menor do que o enxergamos, ou até ter o seu lado bom. Pode até parecer um paradoxo, mas às vezes precisamos de um problema para termos uma solução, ou um problema para se evitar um problema maior.

Hoje eu levei o carro ao mecânico, para simplesmente trocar os cabos do freio de mão, que já não estavam bons, tanto que quando parava o caro, mesmo que não fosse em uma subida, precisava deixar a marcha engatada, ou então, só com o vento ele se movia. Pois bem, alguns minutos depois, para minha insatisfação – momentânea – o mecânico me ligou, passando-me que ao desmontar as rodas traseiras, verificou que o problema era maior do que simplesmente uma troca de cabos de freio de mão. O Sistema traseiro de freio estava todo comprometido, gasto, coisa que com o tempo acontece mesmo, ou como dizem na gíria “estava tudo no osso”. Resultado, o serviço ficou quase quatro vezes mais caro do que iria ficar. No primeiro momento, logo que recebi a notícia, e que verifiquei com os meus próprios olhos o estado em que estavam as peças, refiz as contas na cabeça e, nervoso e contrariado, autorizei o serviço, não tive escolha, decidi pela prudência.

Como o serviço que levaria menos de duas horas, agora, não terminaria em menos de quatro, tive de resolver meus problemas e cumprir meus compromissos de ônibus, o que há algum tempo não fazia. Sem perder tempo me reprogramei, pois de carro o cálculo de locomoção ao destino é um, de ônibus, o dobro deste. Pois bem, cumpri meus compromissos e, de quebra, acabei fazendo esta reflexão que resolvi dividir com os leitores, ou seja, compartilhar esta experiência.

Fiz muitos percursos de ônibus que normalmente faço de carro, e como não precisava prestar atenção no trânsito, prestei atenção no percurso que faço sempre, onde, para minha surpresa, notei diversas modificações em muitas edificações, em placas, nas ruas, etc. Modificações que me deixaram muito feliz, vendo algumas casas reformadas, o progresso das pessoas, novas lanchonetes, pizzarias, lojinhas, coisas que no dia-a-dia, dirigindo, eu não conseguia prestar atenção. Outra coisa, como foi bom viajar de ônibus, só precisei me preocupar com os meus pensamentos, não tive de fazer o raciocínio complexo que é dirigir. No cotidiano não percebemos, mas dirigir é uma atividade complexa, que de tão habituados não nos damos conta de como nos exige do intelecto, e assim, não sobra espaço para pensar em outra coisa.

Tendo mais tempo para pensar, mais tranquilo, voltei a pensar no “problema” do carro, e fui deixando o nervosismo de lado, porque me veio à cabeça que do jeito que estava eu poderia ter problemas maiores, inclusive um acidente, porque o sistema de freio estava comprometido e toda vez que eu parava o carro tinha de deixá-lo engatado. Mas e se o câmbio estourasse? Poderia danificar outros carros, atropelar uma pessoa, um animal, entre tantos outros infortúnios. O gasto poderia ser bem maior.

Curiosamente, me peguei agradecendo a Deus por ter me dado a oportunidade de evitar problemas maiores, mas o fato dos cabos estourarem, milagrosamente na garagem de casa, quando estacionei no dia anterior, pois poderiam estourar em qualquer lugar, me proporcionando alguns dos problemas que mencionei, mas não, foi até bom ter estourado logo, me deu um alívio de pensar que poderia ter sido pior, em lugar distante.

É isso, nem sempre um problema é um problema, ele pode ser uma oportunidade de se evitar que coisas piores aconteçam, mas à vezes temos o costume de encarar tudo de forma negativa, e não enxergamos o lado positivo que um dissabor possa ter, pois muitas vezes nos preocupamos muito do agora, o imediato, e não pensamos no amanhã, no futuro, para assim saber valorizar o que acontece conosco.

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Fabio Diaz Mendes
Enviado por Fabio Diaz Mendes em 22/06/2010
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2335131
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