MINHAS CIDADES
No início, a cidade é um lugar em que a gente vive. E viver neste lugar é transformador do lugar e do ser humano que é transformado pelo lugar. De modo que a cidade e a pessoa são mutuamente transformadoras. Uma transforma e constrói a outra. E, reciprocamente, atuam no desenvolvimento destes crescimentos e transformações de uma forma tão indelével pelo tempo transcorrido e pela memória do presente e do passado, que todos estes fatores são expressos em sentimentos e fundamentos de tal importância, resultando ser uma cidade ou um lugar o nascedouro precioso da alma do indivíduo. A cidade pode ser a felicidade do indivíduo. Ou a sua desgraça.
As minhas cidades foram os meus lugares. Hoje eu digo que eu sou o lugar. A emoção em por em palavras o significado do que digo é perturbadora da expressão de dizer. Pois as cidades por onde vivi foram meus pais e mães, minhas casas e minhas amigas. A memória diz que fui solitária em todos os tempos, exceto pelo lugar. O lugar sempre me constituiu. Não por escolha, mas simplesmente assim ocorreu.
Toda vez que venho para o Rio sinto que estou vindo para minha casa e para minha mãe. Um sentimento de tal conforto e bem, que talvez seja um momento de felicidade.
Há uns quinze anos ou mais, vendi o apartamento em que vivia e comprei outro, mas que não pôde ser ocupado de imediato, motivo que me fez ir para um hotelzinho com meus filhos por quatro meses até a liberação do novo apartamento. E aí neste lugar, enquanto esperava, botei uma garrafinha de água doce na janela do hotel que dava para uma rua de árvores, enquanto enchia a cabeça de planejamentos para um futuro feliz. E, para meu espanto, passarinhos e beija-flor vieram para a minha janela. Um clique!
Eu era o lugar. Eu sou o lugar. Uma descoberta que eu faço o lugar, e eu sou o lugar, não importa onde eu precise estar. Mas para chegar a este estado de libertação, houve uma construção que me fez ser através das cidades onde vivi.
A primeira cidade foi Visconde de Rio Branco. Eu fui pra lá. O lugar me formou e me transformou. Ali conheci as flores, as cores e a doçura da Natureza. A alegria e a felicidade. Ali meus pés pequenos percorreram e descobriram todas as ruas. Correram atrás dos carros de bois e puxava as canas para chupar, junto com o alvoroço das crianças. Eu era a menina mais feliz do mundo. Era princesa de uma Cidade Princesa.
Mas saí de lá. A cidade ficou no coração e memória. O lugar foi se transformando e eu também.
A cidade da juventude foi Leopoldina. Transformadora em conhecimentos, lucidez e sonhos. Uma cidade Princesa.
Fui a Paris onde pensei na felicidade. Uma cidade Princesa da cor e do encanto.
Voltei para o Rio, onde vivi e vivo. E a cidade me aceitou. E eu aceitei e adotei a cidade. A minha Cidade Rainha. O povo é meu irmão. A cidade é minha casa e mãe. Ando nas ruas e piso no chão como meu. Mas nunca houve chão melhor que o primeiro de Visconde de Rio Branco.
Para Beatriz Cruz
No início, a cidade é um lugar em que a gente vive. E viver neste lugar é transformador do lugar e do ser humano que é transformado pelo lugar. De modo que a cidade e a pessoa são mutuamente transformadoras. Uma transforma e constrói a outra. E, reciprocamente, atuam no desenvolvimento destes crescimentos e transformações de uma forma tão indelével pelo tempo transcorrido e pela memória do presente e do passado, que todos estes fatores são expressos em sentimentos e fundamentos de tal importância, resultando ser uma cidade ou um lugar o nascedouro precioso da alma do indivíduo. A cidade pode ser a felicidade do indivíduo. Ou a sua desgraça.
As minhas cidades foram os meus lugares. Hoje eu digo que eu sou o lugar. A emoção em por em palavras o significado do que digo é perturbadora da expressão de dizer. Pois as cidades por onde vivi foram meus pais e mães, minhas casas e minhas amigas. A memória diz que fui solitária em todos os tempos, exceto pelo lugar. O lugar sempre me constituiu. Não por escolha, mas simplesmente assim ocorreu.
Toda vez que venho para o Rio sinto que estou vindo para minha casa e para minha mãe. Um sentimento de tal conforto e bem, que talvez seja um momento de felicidade.
Há uns quinze anos ou mais, vendi o apartamento em que vivia e comprei outro, mas que não pôde ser ocupado de imediato, motivo que me fez ir para um hotelzinho com meus filhos por quatro meses até a liberação do novo apartamento. E aí neste lugar, enquanto esperava, botei uma garrafinha de água doce na janela do hotel que dava para uma rua de árvores, enquanto enchia a cabeça de planejamentos para um futuro feliz. E, para meu espanto, passarinhos e beija-flor vieram para a minha janela. Um clique!
Eu era o lugar. Eu sou o lugar. Uma descoberta que eu faço o lugar, e eu sou o lugar, não importa onde eu precise estar. Mas para chegar a este estado de libertação, houve uma construção que me fez ser através das cidades onde vivi.
A primeira cidade foi Visconde de Rio Branco. Eu fui pra lá. O lugar me formou e me transformou. Ali conheci as flores, as cores e a doçura da Natureza. A alegria e a felicidade. Ali meus pés pequenos percorreram e descobriram todas as ruas. Correram atrás dos carros de bois e puxava as canas para chupar, junto com o alvoroço das crianças. Eu era a menina mais feliz do mundo. Era princesa de uma Cidade Princesa.
Mas saí de lá. A cidade ficou no coração e memória. O lugar foi se transformando e eu também.
A cidade da juventude foi Leopoldina. Transformadora em conhecimentos, lucidez e sonhos. Uma cidade Princesa.
Fui a Paris onde pensei na felicidade. Uma cidade Princesa da cor e do encanto.
Voltei para o Rio, onde vivi e vivo. E a cidade me aceitou. E eu aceitei e adotei a cidade. A minha Cidade Rainha. O povo é meu irmão. A cidade é minha casa e mãe. Ando nas ruas e piso no chão como meu. Mas nunca houve chão melhor que o primeiro de Visconde de Rio Branco.
Para Beatriz Cruz