Linguagem adequada

Atravessei minha infância, adolescência e mocidade sem ouvir um palavrão sequer da boca de meus pais. Depois de casada ouvi um de meu pai, por contusão ligeira qualquer, e nem sabia que ele tinha conhecimento dessas palavras. Quase me escandalizei.

Hoje presenciei uma mãe ensinando uma resposta malcriada e com palavrão para que seu filho desse a alguém, fosse quem fosse esse alguém. Vinham conversando, mãe e filho, à saída de uma escola. Era como dar uma solução para um entrevero qualquer da criança ao invés de aproveitar a oportunidade de ensiná-la corretamente como se deve comportar.

Esse, infelizmente, não é um caso isolado. Quantas crianças não sabem brincar sem proferir três palavrões em uma só frase. Moro em prédio e observo as crianças brincando e se agredindo como se o mundo fosse uma eterna guerra. Não é permitido ficar sem uma resposta, mesmo que seja um disparate ou uma ofensa. Em última instância é a mãe de algum que leva o xingamento.

Sou do tempo que as pessoas sabiam discutir com dignidade, sem que ninguém baixasse o nível. Quando isso acontecia, quem pronunciou a baixaria ficava sem graça pela reação dos presentes, como se estivessem notando o exagero. Hoje se ouve isso e mais alguma coisa ao vivo, na TV, no cinema, um sem fim.....

Houve um tempo que fezes substituía a palavra merda. Hoje uma significa uma coisa, e seu sinônimo significa outra.

Passando por uma calçada me deparei com uma senhora que ao abrir a porta do carro pisou em fezes de cachorro. Ela falou em altos brados: “Mas que merda!” ao que eu respondi: ”Literalmente!”

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 22/06/2010
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