Solidariedade Humana
Muitas vezes, diante da grandeza das necessidades dos nossos irmãos, em decorrência de uma tragédia, achamos que a nossa ajuda é insignificante, e por isso cruzamos os braços, deixando o problema a cargo dos outros. Esquecemo-nos do ensinamento da Madre Tereza de Calcutá, que dizia: “sei que a minha ajuda é um pingo d’água no oceano, mas sem esse pingo o oceano seria menor.” E também da fábula do passarinho que carregava água em seu bico para apagar um incêndio na floresta. Criticado pela insignificância do seu trabalho, ele respondia: “estou fazendo a minha parte”.
Foi um somatório de pingos d´água que provocou uma das maiores tragédias em diversas cidades de Alagoas, cujos moradores mais antigos afirmam ter sido a pior dos últimos tempos. As imagens respondem por si. Não há como não sentir a dor do próximo, vendo-o desolado diante dos escombros, com seu triste lamento: “ali era a minha casa”.
Nessa hora, vemos uma grande mobilização de todos os segmentos sociais, numa verdadeira demonstração de solidariedade. Sem esta corrente, seria o caos para aqueles que tudo perderam. Faz-se necessário o atendimento emergencial, como alimentos e agasalhos. Não podemos, a esta altura, esperar apenas pelos poderes públicos. Estes têm oferecido o suporte maior, como helicópteros no salvamento das vítimas e no abastecimento de cidades ilhadas, bem como aeronaves de maior porte trazendo água e alimentos. Tudo isto para suprir uma necessidade imediata. É no calor da emoção que vem a solidariedade de todas as partes, numa prova de que o ser humano se sensibiliza na hora da dor do irmão.
Agora há de se pensar na reconstrução de tudo que foi destruído. Partindo do princípio de que são tragédias previsíveis, decorrentes de fenômenos cíclicos da natureza, fica sempre a pergunta: por que não construir novas casas em lugares mais altos, ao invés de reconstruí-las às margens desses pequenos rios, praticamente no leito, cujas enchentes elevam o nível até acima dos tetos dessas casas?
A resposta talvez esteja na crônica de hoje, de um dos mais respeitados cronistas da imprensa local, que lamenta que estas tragédias “rendem dividendos políticos para muitos candidatos que se apresentam como salvadores da pátria”, apenas pelo socorro imediato.
E o amanhã?
Novas tragédias, novos dividendos. E assim vai vivendo o pobre como a cantiga da perua: “de pior a pior”.