TROCANDO FIGURINHAS

Lendo o texto “Lembranças” (aqui no RL) em que José Christovão fala de Paris, me deu uma enorme saudade. Ao comentá-lo, eu disse que pude ‘ver’ o trajeto que ele fez até a praça da Contrescarpe, onde foi jantar. Era perto dali que em tempos de estudante eu ia todo mês receber meu dinheirinho. O autor então ficou curioso e também em comentário perguntou, certamente brincando, qual era o trajeto que eu fazia: subia pela rua Mouffetard e descia pela Cardinal Lemoine?...

Quanta coisa me voltou à memória! A rua Mouffetard é inesquecível. Não sei como está hoje, mas era um misto de lojinhas de quinquilharias, pequenos antiquários e verdureiros. O único lugar da cidade em que se podia encontrar couve manteiga. Se alguém pensasse em fazer feijoada... Bem, fazer feijoada é modo de dizer, pois estudantes brasileiros quando sonhavam com esse luxo tinham que se cotizar. Um quilinho de feijão preto custava os olhos da cara! E era somente encontrável numa loja chiquérrima chamada Fauchon, especializada em produtos exóticos...

Também ali pertinho ficava o consultório dos dentistas ‘tipo universitário’ que andei frequentando. De graça, o seguro cobria. Levei quase dois meses tratando um canal. E o doutor achou linda a minha boca! Quando ele disse isto com todas as letras fiquei espantada. Onde já se viu! Como assim? quase perguntei. O que ele admirava, na verdade, era o trabalho dos dentistas brasileiros... E toda vez que eu lá ia, ele os elogiava.