Internet pelada

Psicóloga denodada escreveu um pequeno artigo na Zero Hora para assunto tão vasto e rico intitulado “Sexo pela Internet”. Ela responde a pergunta de alguém que julga estar “viciado” em utilizar a internet para realizar seus desejos. Vidrado. Quer saber se é prejudicial. Responde a psicóloga que o número de pessoas que tem usado a internet para tanto tem crescido “assombrosamente”. Ela crê no “vício” em empregar a novidade técnica como “fuga dos relacionamentos””, completando: “medo de entrar em intimidade”.

Confesso meu assombro diante do pequeno espaço dedicado ao extraordinário acontecimento. Suponho que a razão está na capacidade de oferta do meio para gratuidade do sexo. Não é preciso levar para jantar.

O mesmo sexo que teria sido no passado, período do clã, absolutamente simples natural e dissoluto. O que hoje chamamos de promiscuidade. Tal libertação do jugo moral através de um sistema de imagens em rede é o retorno ao passado absolutamente alcançável. Janela para retorno arcano da liberdade física, hoje favorecendo o encontro fácil do instinto com o instinto, através da alta tecnologia. Lembrando que a “pornografia” é oportunidade para evento das satisfações dos incapazes de alcançar no amor romântico e espiritual fonte de satisfação. É também um último recurso para os desesperados em busca do paraíso que habita todos os sonhos.

Zing. A internet alia uma incrível força estética e há uma rara visão sobre tal fenômeno que é a do observador dos atributos escultóricos sobre os enlaces, gamas de cores, além de toda a sorte de situações onde implica o teatro da carne.

A psicóloga lê na pergunta uma idéia de “ferida” pelo qual “devemos amar novamente”, e caso não consiga deve-se procurar uma ajuda terapêutica. Uau. Responde e toma como prejudicial, já que o anônimo tem a curiosidade de saber se pode ou não perder o contato com a realidade graças ao que chama de excesso e não satisfação. (Bastaclicar) Há muito trabalho para resposta porque deve permanecer o mérito da pergunta. Revela o que se oculta na mídia: milhões de pessoas tornam a internet um passatempo realmente quente, pois do contrário seria uma biblioteca escura, fria e tediosa. Grunf. Tal multidão poderá receber um choque moral graças ao emprego da neurose moderna, a hipótese de identificação de seus supostos interesses enquanto usuários. Eis, um campo novo de especulação paranóide.

Após a reconstrução paradisíaca da liberdade física dentro da multidão virtual passa em seguida á condição de vigiado pelo endereço eletrônico. Imoralidade da técnica porque não se deve confundir observador com objeto da observação.

Tema que os jornais não gostam de tratar, pois esperam a fase do escândalo do qual se alimentam para ampliação das vendas, hoje inibida pela concorrência e ainda incerta quando ao seu futuro de papel. Tanto a burocracia quanto o sexo estão sendo inseridos num processo de experimentação sobre o indivíduo sem que se tenha controle do futuro. De como os usuários estarão preparados para a traição da liberdade dentro da oferta e procura. O superficialismo tem contribuído para idiotia da crítica. A maturidade custa chegar ao terreno fértil do estilo simplório de acreditar a preço de ouro nos produtos do mercado.

Na internet é o povo que impõe a marca do instinto ao campo intelectual. Como a dizer: nem só de crônica vive o homem ou toda origem é obscena.

***********************************

Humor.