TENSÃO PRÉ-CONCURSO (TPC)
Tensão pré-concurso
Quem nunca teve aquela sensação de fadiga, falta de ar e todo tipo de mal-estar às vésperas de uma prova? Ser avaliado é uma das coisas mais tensas da vida.
E quando se trata de concurso público essa tensão se agrava. É multiplicada pelo número de candidatos vezes a concorrência.
O dia anterior costuma ser o ápice da provação. Ora parece longo demais, ora curto demais. A véspera de um concurso pode ser tudo, menos normal. Os concurseiros veteranos costumam usar a criatividade para enfrentar a ansiedade (inevitável a todos os seres humanos normais). Daria o meu exemplo se não fosse tão constrangedor.
Como não estou imune a esses efeitos, conheço bem os sintomas. É a terrível TPC (tensão pré-concurso). As causas são muitas, mas a mais razoável parece ser o fato de que ninguém faz concurso sozinho. Cada candidato leva para a fatídica cadeira (devidamente numerada e com seu nome em letras garrafais), a família inteira, amigos, professores, vizinhos e todos os leitores do Diário Oficial. Não vai faltar ninguém para o inquérito.
E tudo o que você não precisa é ouvir aquela nada sutil pergunta: E aí, passou dessa vez? Os mais animados ainda citam uns dez parentes ou amigos que passaram em ótimos concursos recentemente. Os menos cruéis acrescentam em tom de profundo pesar: “Fazer o que, quem sabe da próxima vez?” Os mais sábios te presenteiam com esta: “É, passar em concurso não é pra qualquer um não!” Isso faz você se sentir ainda mais especial. É nesse momento que você se pergunta se tem reserva de fé, coragem, dinheiro, e saco (desculpas, paciência) para uma próxima vez.
Concurseiro é bicho sofrido. Exceto, claro, aqueles que não quero citar aqui para não ser acusada de ser preconceituosa. Mas se você já sentiu na pele “aquela” injustiça, sabe do que (ou de quem) estou falando.
Ânimo, companheiro! Há sempre um novo concurso no fim do túnel. A próxima prova pode ser sua carta de alforria. Na hora de resolver as questões não esqueça desse sofrimento solitário, das humilhações não intencionais, dos sentimentos inconfessáveis e das promessas de nunca desistir que se fez tantas vezes. Nada de desistir daquele cálculo incalculável, nada de sair antes de poder levar a prova. Você pode querer guardá-la como um troféu ou como o corpo de delito.
Mas acima de tudo, meu companheiro de agonia, jamais se esqueça de marcar e conferir, como um perito em preenchimento de quadrinhos, cada questão do seu único e insubstituível gabarito. Ele pode ser o seu bilhete premiado.
Boa sorte para nós amanhã!