Brasil 3 x 1 Cacetadas do Marfim
 
 
            Sabia-se que o time da Costa do Marfim jogaria duro, somente não nos avisaram que a pancadaria seria desleal. Esqueceram de avisá-los que o mundo do futebol, pelo menos durante a Copa, manda que se tenha o ¨fair-play¨ como regra. Se os marfineses pudessem, continuariam avançando mesmo que metade do seu time, e do nosso, estivesse caído em campo.
            Falemos do que sobrou de bom, visto todos guardarem oceanos de virtudes, que se revelam após removermos os nevoeiros de defeitos. O Brasil andou em campo, e não estamos exibindo termos pejorativos. A equipe parecia estar em ritmo de treino, de um dos bons, e não manifestou perturbação psicológica, somente destoou o Kaká, após uma expulsão inesperada. O rapaz irritou-se e precisava ser substituído, e foi essa uma falha da comissão técnica. Vamos sentir falta do seu futebol liso e leve contra Portugal, sorte lusitana e tristeza canarinho.
            Robinho foi o que se espera dele, um artista moleque e irreverente, de uma irreverência que encanta e nos abre o sorriso de torcedor:
            - ¨Vai nessa Robinho¨! – Ele ia, mas o seu gol não veio.
            Aliás, sobraram em campo: Luís Fabiano, Elano e Lúcio. O último um leão, mostrando aos africanos que ao se jogar com raça, força e determinação se pode (e se deve) excluir a deslealdade.
            Fabiano fez o que se espera de um atacante: gols.
            - Em um deles usou a mão! – Diriam os argentinos, mas Maradona também usou em 86 e a Argentina foi campeã. Seria esse um dos sinais subliminares do destino? Sabemos que entre as linhas da vida apontam-se eventos que, apesar de muitas vezes ignorados, trazem em seu bojo as vontades ocultas do Universo. Foi um gol com duplo lençol digno de se emoldurar nos álbuns perpétuos das sagas futebolísticas. O atacante fez história.
            Elano merecia sorte melhor. Foi um maestro exibindo elegância futebolística digna dos anais de nossos melhores tempos. A pancada doeu em nós. As pernas de aço do marfinês quase o romperam, mas já se sabe que está bem. O esqueleto do brasileiro deve ser de adamantium, com o perdão de Volverine.
            O time do Marfim, em determinados momentos, parecia querer parar de jogar e aplaudir, mas não o fizeram por decoro a si mesmos. Drogba, excelente atacante, deixou em nossas redes a sua marca, servindo-nos de alerta para se cuidar da defesa. O Brasil mostrou ao resto do mundo que o objetivo do futebol é fazer gols, ao invés da obsessão que possuem em quere evitá-los. Imaginem se todos jogassem como a Suíça? O placar típico seria 0 x 0 e muitos torneios seriam decididos no sorteio.
            Dormiu-se bem no Brasil após o jogo. Destaca-se que os latino-americanos, exceção a Honduras, andaram de braços dados com a vitória nas primeiras rodadas. Os EUA também fizeram bonito e o continente do futebol parece mesmo ser aqui. Teremos uma final latina? Que venha mais!