Saudade        
                 

 
Das coisas boas que tive na vida, desconheço alguma que se iguale a minha mãe, mas ela partiu, está nos braços da luz, no colo do amor, no aconchego da eternidade, onde os anjos formaram tapetes de flores brancas e perfumadas pra ela passar.
 
Hoje eu choro, ontem chorei, e minhas lágrimas serão como bálsamos para a saudade que ela deixou. Certamente, a materialização do espírito causa apego, sentimentos que o coração se acostuma a direcionar, canalizando nossas emoções, através da nossa sensibilidade.
 
 Dai, convivemos com quem nos dedica amor desde a infância, fazemos desta pessoa nosso ícone na bondade, no equilíbrio, nas relações afetivas fraternas e a cada dia, queremos estar perto desta pessoa, olhar pra ela, tocá-la, ouvir sua voz, saber da sua vida, cuidar pra que ela esteja bem, e não tem nada melhor que a companhia dela. Só em vê-la, parece que o dia já vale à pena, pela energia boa que ela passa, por sabermos que essa pessoa nos ama, nos deseja o melhor, nos acolhe em suas orações diariamente e lhe aceita do jeito que você é: com seus defeitos e virtudes, que só ela sabe entender.
 
Contudo, você acompanha sua trajetória de dor, seu processo de avanços e recuos na saúde e/ou na doença, sinalizando suas fraquezas e fortalezas orgânicas, associadas a força espiritual numa vontade de viver, num amor pela vida tão grande, que fica difícil de aceitar uma partida, que independe da nossa vontade.Então, passamos a olhar cada imagem que fica nos quadros da parede da memória...E são tantas que acabam escorregando pelos cantos dos olhos.
 
Imagens estas de sorrisos,afagos, de dores, que foram enfrentadas , confrontadas por todas as possibilidades cabíveis a sabedoria humana, específicas da Medicina, mas que só adiaram o que estava pra acontecer; Uma viagem eterna.
 
Como dói saber que o dia amanhece, anoitece, repousa pra voltar depois, e não temos mais a quem chamar de mãe... Queria ter minha mãe todos os dias pra escutar nas primeiras e últimas horas do dia ela me abençoando, me chamando de minha filha, e eu poder repetir a voz que não cessa de dizer; Como eu te amo, minha adorada!Mas ela se foi, às dezoito horas do dia 18 de junho de 2010, na hora do Ângelus, no dia consagrado a Mãe Rainha, a quem ela tinha devoção.
 
O que conforta a família, é que cessou seu sofrimento (apesar de ter tido a disposição os melhores cuidados à recuperação), sua dependência. Nunca mais ela precisará respirar com ajuda de aparelhos, querer ver e não poder, devido o diabetes, querer tomar banho sozinha e não poder e tantas outras coisas mais.Agora, tudo está iluminado em seu viver eterno, ela vê o que somente o que as pessoas de bom coração podem ver, onde reside o infinito, onde o amor perpassa o universo e transcende.
 
É nisso que creio, que ela foi arrebatada por asas invisíveis que a levou revestida da plena paz, renascida pro Eterno Luminoso.
Mesmo tendo esta convicção, não aprendi a dizer Adeus, porque o coração reclama, sangra de dor, cheio de saudade, de vontade de ver de novo, de ouvir a voz, poder abraça-la outra vez. A sensação é de está feito cacos, espedaçados, arrancados. É fácil dizer que “a vida segue” difícil é” seguir sem minha adorada “, é o que eu e todos meus familiares reconhecem, pois minha mãe, demonstrou em seus gestos, palavras e atitudes, ser uma pessoa especial, uma pessoa realmente cheia de amor no coração e bondade na alma..
 
A saudade é um sentimento universal, mas que só se sente quando algo de bom viveu, pois ninguém sente saudade de coisa ruim. A saudade preenche espaços onde nossos sentimentos habitam, ou causa a sensação de que há uma lacuna vazia, onde só pode ser preenchida com a presença de quem amamos.Assim, haverá em mim sempre esta paisagem, um lugar onde a alma sombreia o que foi, até o dia em que nos reencontrarmos outra vez.

                                                                         
                                       

                                                                                 
 
 
 
 

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 20/06/2010
Reeditado em 19/09/2022
Código do texto: T2330421
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