A Sogrinha

(Texto retirado do livro Quatro Bruxas no Elevador de Daidy Peterlevitz e publicado na Internet em 20 de dezembro de 2003)

Falávamos, eu e o Bud, de certas pessoas que sufocam outras, impondo-se e mandando. Eis a nossa conversa:

– Bud, eu tenho uma meia amiga, cuja sogra não tem jeito mesmo!

– Geralmente, dizem que as sogras são impossíveis!!

– A minha não! É uma santa, mora a 13 mil quilômetros, na Itália!... mas, a da minha amiga... imagine você que, às vezes – muitas... – vai à casa da nora, que ela chama de “a casa de meu filho” e lá se instala, como se fosse sua! Molha as plantas, como se as plantas estivessem secas; lava o carro, como se o carro estivesse sujo, troca de lugar os vasos, como se eles estivessem mau colocados, sem... estética...!

– Ora, isso não é tão ruim, a ponto de causar ciúme ou transtorno...

– Espere aí! Estou só no prefácio: não contente, eis que a “querida sogrinha” interfere, também, nos assuntos de lazer do jovem casal!

– Aposto que escolhe o lugar dos piqueniques?!

– Não! Isso é pouco! Ela escolhe o local das férias ! Desde as PRIMEIRAS férias do casal!! Campos do Jordão!

– Bem... assim já é demais!

– E... não é só!

– Nããão ?!

– Não. Por brincadeira, só pelo ridículo que seria, a nora e o filho comentaram:

– Bem que a senhora poderia ir junto.

Daí a dois minutos, não é que a “sogrinha” saiu do quarto portando grande mala à mão:

– Estou pronta!

– Os jovens, claro, não é Bud, respeitosos e educados demais, não puderam retroagir, de modo que, na manhã seguinte, eis os três a caminho de Campos do Jordão.

– Nãããã?!!

– Siiim!!!... mas... não é só!

– Nããão??!!

– Não. Ficou combinado que a “sogrinha” dormiria com uma sua amiga.

– Minha amiga?

– Não, bolas! Sua dela.

– Suadela, para mim, é uma suada pequena...uma suadinha. Mas... prossiga, mesmo porque, eu jamais seria amiga de uma pessoa que tivesse uma sogra assim , desnaturada.

– Como ousa insultá-la assim??

– ??&&@@$..? Bem, aí a “sogrinha” ia dormir com a amiga dela. Só dela!...

– Então... a “sogrinha” telefona, a dita cuja da amiga não está e, ao invés de sumir da presença e deixar os jovens a sós...

– Isso mesmo!

– Cale a boca, pô! Estou falando!... ela, SIMPLESMENTE, aceita um educado convite dos dois, para, não havendo outro jeito mesmo, dormir ali.

Havia outra cama... e... mais que depressa, eis que a víbora intrusa toma um demorado banho, veste um espaçoso camisolão listrado, instala-se para a leitura noturna, para, logo depois, ressonar, profunda, ruidosa e reparadoramente!!

– Sem nenhum problema de consciência, eu “enforcaria” uma sogra dessas, com a própria meia dela que, provavelmente, largou jogada no chão..!!

– Ah! Não!! EU nunca deixo meia nenhuma jogada por aí...

– VOOOCÊÊÊ!!???

– Bem... logo cedo, no dia seguinte, eu fui embora...

– Que vergonha!!

– Bud, é claro que... que você vai compreender...

– Compreendo coisíssima nenhuma! Intrometida!

– Reconheço e prometo emendar-me...

– É o mínimo!...

– Tem razão. No próximo ano, quando eles forem à Argentina...

– Ah! Que bom. Já programaram novas férias, é?

– Eles... ainda não!... mas, você não acha uma boa idéia?!

Daidy Peterlevitz
Enviado por Daidy Peterlevitz em 19/06/2010
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