Foto de uma artesã alagoana da Serra da Viúva, em Água Branca, Sertão de Alagoas, vendendo seus produtos na feira
Desculpe quem não acredita, mas esse país tem jeito
Pode até parecer mote para cordel e que seja, fiquem à vontade, mas esse é um sentimento muito meu. Por acaso mas muito por acaso mesmo, porque nem sabia que estava acontecendo, visitei por dois dias a VII Feira Nacional de Agricultura de produção familiar da América Latina, o ‘Brasil Rural Contemporâneo’, em Brasília. Provavelmente (não sou boa de estimativa), mais de 500 empreendimentos familiares de produtos de todas as regiões do país estavam lá expostos e me encantaram os olhos, me encheram a boca d’água e me cansaram os pés, pois estive praticamente em todos os estandes.
Mas deixe-me contar a história do começo...Imagine que você sai de sua cidade para um compromisso de trabalho de, em média, nove horas a cada dia de discussões sobre planejamento de ações, avaliação e certificação, refletir e consolidar conceitos de "territórios de aprendizagem", controle social, espaços educativos sustentáveis, intersetorialidade, articulação, entre outros...
Imagine que mesmo nesse contexto você se depare com a “vizinhança” de um evento que agrega cultura, gastronomia, coisas do campo, talentos... Você diz “Essa é minha praia!” e passa por lá na primeira oportunidade...
E foi o que fiz e vivi. No evento, os produtos expostos eram o ponto alto. Tudo produzido por agricultores, artesãos, extrativistas, comunidades indígenas, piscicultores, ribeirinhos, quilombolas e assentados da reforma agrária apoiados por políticas públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), enchiam os olhos- e as sacolas de tecido recebidas por cada visitante, incentivando o consumo responsável, sem a poluição das sacolas plásticas - e o coração de quem se alegra vendo um lado desse país sempre tão rejeitado, tão nas sombras.
No belo espaço às margens do Paranoá organizado pelo MDA, em destaque todas as referências regionais, essenciais para a expressão da alma do povo brasileiro, com segurança e conforto. Não é porque é protagonizado para gente da roça, índio, quilombola, ribeirinho que deveria estar instalado de qualquer jeito... pontuo isso pelas expressões de surpresa que presenciei em muitos, ao se depararem com a estrutura montada.
Para muitos que não dão conta deste universo, os produtos da agricultura familiar podem parecer de pouca importância. Ledo engano. De excelente qualidade, impressionam pela variedade, criatividade, apresentação e cuidado dos expositores, afinados com a idéia da sustentabilidade. Lembrei de meu pai e de seu orgulho em sustentar sua família com “o suor do seu rosto” e da alegria, quando sobrava o leite que ia pro laticínio, parte da safra de milho, feijão ou inhame que lhe rendia algum, para outras necessidades.
Ah, imagine também os espaços para as apresentações culturais? A concha acústica do lado acomodou os grandes shows, mas uma variedade de coisas muito boas aconteciam em outros palcos. Mas imagine a minha alegria ao ver e ouvir Paulinho da Viola, com a participação especial de Monarco! Adorei rever o talento dos dois, as músicas maravilhosas, o respeito do público, essencialmente jovem por ícones da musica brasileira de boa qualidade, em especial, do samba.
Está imaginando se trabalhei? Claro que sim e muito, sem tempo para dar notícias aos amigos e amigas que tenho em Brasília, mas com a alegria e a disposição de uma pessoa sempre aberta ao milagre da vida, sempre aberta para aprender e receber os presentes que a vida tem me oferecido.Esses dias em Brasília foi um desses presentes...
Já de volta em casa, espero que aqueles que pensam a cidade como o ideal de vida, para quem as coisas do campo e seu entorno são puro anacronismo, revejam seus conceitos. Desculpe os pessimistas de plantão (quem me conhece sabe que não sou nenhuma POLIANA), mas acredito mesmo que esse país tem jeito, é só deixar a disposição régua e compasso para o seu povo e ele sabe o que fazer e bem ao modo cristão, como fazer a multiplicação dos pães e peixes...
Entendo que tem fome precisa comer mas quando além da comida, vem a possibilidade do trabalho, da assistência adequada, a natureza dos povos do campo e dos demais que ali estavam é de não temer o trabalho e dar uma lição.
Lembrei do mestre Luiz Gonzaga nos belos versos de José Dantas e Humberto Teixeira “Seu dotô/ uma esmola para o homem que é são/ ou lhe mata de vergonha/ ou vicia o cidadão”... Alí eu vi o que muitos dizem ser ESMOLA, virando FUTURO...Ratifiquei minha crença no princípio pedagógico “ muito mais eficiente ensinar a pescar do que simplesmente dar o peixe”.
E me lembrei também de Elba Ramalho e dos versos inspirados de Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova Povo do meu Brasil/Políticos brasileiros/Não pensem que vocês nos enganam/Porque nosso povo não é besta!”
Desculpe quem não acredita.
Desculpe quem não acredita, mas esse país tem jeito
Pode até parecer mote para cordel e que seja, fiquem à vontade, mas esse é um sentimento muito meu. Por acaso mas muito por acaso mesmo, porque nem sabia que estava acontecendo, visitei por dois dias a VII Feira Nacional de Agricultura de produção familiar da América Latina, o ‘Brasil Rural Contemporâneo’, em Brasília. Provavelmente (não sou boa de estimativa), mais de 500 empreendimentos familiares de produtos de todas as regiões do país estavam lá expostos e me encantaram os olhos, me encheram a boca d’água e me cansaram os pés, pois estive praticamente em todos os estandes.
Mas deixe-me contar a história do começo...Imagine que você sai de sua cidade para um compromisso de trabalho de, em média, nove horas a cada dia de discussões sobre planejamento de ações, avaliação e certificação, refletir e consolidar conceitos de "territórios de aprendizagem", controle social, espaços educativos sustentáveis, intersetorialidade, articulação, entre outros...
Imagine que mesmo nesse contexto você se depare com a “vizinhança” de um evento que agrega cultura, gastronomia, coisas do campo, talentos... Você diz “Essa é minha praia!” e passa por lá na primeira oportunidade...
E foi o que fiz e vivi. No evento, os produtos expostos eram o ponto alto. Tudo produzido por agricultores, artesãos, extrativistas, comunidades indígenas, piscicultores, ribeirinhos, quilombolas e assentados da reforma agrária apoiados por políticas públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), enchiam os olhos- e as sacolas de tecido recebidas por cada visitante, incentivando o consumo responsável, sem a poluição das sacolas plásticas - e o coração de quem se alegra vendo um lado desse país sempre tão rejeitado, tão nas sombras.
No belo espaço às margens do Paranoá organizado pelo MDA, em destaque todas as referências regionais, essenciais para a expressão da alma do povo brasileiro, com segurança e conforto. Não é porque é protagonizado para gente da roça, índio, quilombola, ribeirinho que deveria estar instalado de qualquer jeito... pontuo isso pelas expressões de surpresa que presenciei em muitos, ao se depararem com a estrutura montada.
Para muitos que não dão conta deste universo, os produtos da agricultura familiar podem parecer de pouca importância. Ledo engano. De excelente qualidade, impressionam pela variedade, criatividade, apresentação e cuidado dos expositores, afinados com a idéia da sustentabilidade. Lembrei de meu pai e de seu orgulho em sustentar sua família com “o suor do seu rosto” e da alegria, quando sobrava o leite que ia pro laticínio, parte da safra de milho, feijão ou inhame que lhe rendia algum, para outras necessidades.
Ah, imagine também os espaços para as apresentações culturais? A concha acústica do lado acomodou os grandes shows, mas uma variedade de coisas muito boas aconteciam em outros palcos. Mas imagine a minha alegria ao ver e ouvir Paulinho da Viola, com a participação especial de Monarco! Adorei rever o talento dos dois, as músicas maravilhosas, o respeito do público, essencialmente jovem por ícones da musica brasileira de boa qualidade, em especial, do samba.
Está imaginando se trabalhei? Claro que sim e muito, sem tempo para dar notícias aos amigos e amigas que tenho em Brasília, mas com a alegria e a disposição de uma pessoa sempre aberta ao milagre da vida, sempre aberta para aprender e receber os presentes que a vida tem me oferecido.Esses dias em Brasília foi um desses presentes...
Já de volta em casa, espero que aqueles que pensam a cidade como o ideal de vida, para quem as coisas do campo e seu entorno são puro anacronismo, revejam seus conceitos. Desculpe os pessimistas de plantão (quem me conhece sabe que não sou nenhuma POLIANA), mas acredito mesmo que esse país tem jeito, é só deixar a disposição régua e compasso para o seu povo e ele sabe o que fazer e bem ao modo cristão, como fazer a multiplicação dos pães e peixes...
Entendo que tem fome precisa comer mas quando além da comida, vem a possibilidade do trabalho, da assistência adequada, a natureza dos povos do campo e dos demais que ali estavam é de não temer o trabalho e dar uma lição.
Lembrei do mestre Luiz Gonzaga nos belos versos de José Dantas e Humberto Teixeira “Seu dotô/ uma esmola para o homem que é são/ ou lhe mata de vergonha/ ou vicia o cidadão”... Alí eu vi o que muitos dizem ser ESMOLA, virando FUTURO...Ratifiquei minha crença no princípio pedagógico “ muito mais eficiente ensinar a pescar do que simplesmente dar o peixe”.
E me lembrei também de Elba Ramalho e dos versos inspirados de Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova Povo do meu Brasil/Políticos brasileiros/Não pensem que vocês nos enganam/Porque nosso povo não é besta!”
Desculpe quem não acredita.