Meu cliente esta doente.
Meu cliente esta doente.
“Agora é doente, coisa de advogado para livrar cara de bandido.”
Assim expressou numa telenovela, uma artista indignada com o
desenrolar de uma ação processual, que culminara com a liberdade de um bandido, que livre continuava na sua vida desagregadora, provocando ainda mais danos às pessoas, confiando na impunidade.
O discurso ficou martelando na minha cabeça, tal era a indignação ali encenada na vida irreal, mas sabendo sê-la tao gritante cá fora neste mundo de salve quem puder. Um mundo onde se constrói cada vez mais celas com dobradas instransponíveis paredes, bloqueadoras de ondas de frequências diversas, ao passo que se constrói cada vez menos salas de pré-moldados com lousa para enfraquecidas professoras para uma missão tao desprestigiada quanto a daqueles que fazem o dia a dia das celas de presídios.
Acompanhando noticias de nossas cidades, constantemente informando as mais perversas formas de criminalidades, que causa mal estar, provocando a sociedade questionar o código penal e sua aplicabilidade. Bem como são conduzidas pelas ações dos advogados nos exercícios, bem como a degradação de parcela desta profissão a serviço do crime organizado (sic), facilitando solturas, acessos aos dispositivos tecnológicos da comunicação, bem como as armas, que sustentam a força bandida.
Nossa angustia é cada vez mais latente, a cada crime, a cada impunidade anunciada. Os mesmos olhos assistem as truculências penais aos pobres soldados miseráveis do crime, ao passo que aos chefes é dado todo tipo de segurança e direito de defesas, com advogados se amontoando e se batendo nas portas das delegacias e presídios. Bandido preso, bandido solto, numa ciranda perigosa de prenuncio de novas mortes e delitos.
A criminalidade expandiu-se dos morros e guetos, e pelas drogas, abraçou jovens de classe media que sabendo da impunidade e pela necessidade de alimentar seu miserável vicio, se alistaram ao bando de grandes traficantes e assim facilitam a operação de acesso da droga pela porta de frente dos grandes e imponentes prédios, destruindo famílias e vidas. O que fez a classe media buscar discursos de penas de morte e leis draconianas. Quer dizer, quem até então não se importava com a criminalidade, hoje vendo esta invadir seus playgrounds, clubes, universidades, shoppings, acordam assustados, mas um pouco tarde percebendo que o mal é maior que todas as instituições repressoras, mantenedoras da paz, que muitas vezes, já estão vulneradas, viciada pelo mundo das drogas.
Então, entraremos agora numa nova questão, a de questionar os laudos psicoterapeutas largamente utilizados pelos advogados nas defesas aos infratores hediondos, diante dos mais bárbaros crimes. Mas continuaremos calados, sedados às dores daquelas mães, descidas dos morros, jogadas nas portas das delegacias ou dos prontos socorros, descabelando-se a afirmar, que seus filhos eram inocentes, antes de recolhê-los para uma cova generosamente doada pelo estado ou município, ou até mesmo por um político oportuno na cata de votos de sua futura participação.
Então ainda vamos continuar na covardia silenciosa, assistidos pelo estado, com falsas seguranças, pregando leis severas, mas aceitando a corrupção galopante, desviante de cifras milionárias aos paraísos de além mar. Ainda vamos continuar fomentando a pujança galopante da usura destes políticos, que em ação bandida, se locupletam e sorriem em nossos lares, de nossa vida carneira.
Pois é estamos todos doentes, febris, malucos por liberdade, pelo mínimo direito de ir e vir, pela alegria de poder voltar, uma doença que não se inventou, e para esta vontade desesperada, quem há de nos defender?
E Salazar não o calou, mas a morte...
“SE PUDERES OLHAR, VÊ. SE PODES VER, REPARA.
Retrato do desmoronar completo da sociedade causado pela cegueira que aos poucos assola o mundo, reduzindo-o ao obscurantismo de meros seres extasiados na busca incessante pelo poder. Crítica pura às facetas básicas da natureza humana encarada como uma crise epidêmica. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. Caso contrário, continuará uma máquina insensível que observa passivamente o desabar de tudo à sua volta.” José Saramago falecido em 18/06/2010.
josé cláudio comenta com ilustraçao musical:
E eu gostei é claro, e incluo.
"quero a utopia/quero tudo e mais/quero a felicidade/nos olhos de um pai/quero a alegria/muita gente feliz/quero que a justiça reine em meu país..."///Saudações enlutadas, meu caro amigo! Abração. paz e bem.
Toninhobira_18/06/2010.