POR QUE A DESARMONIA ENTRE O MEU SENTIR E O MEU FALAR?
 


“Quem dera poder livrar-nos de nossos sentimentos...
Lançando-os   ao   mar,       enterrando-os     no deserto,
Enviando-os ao espaço. No mais das vezes   o máximo
Que conseguimos é guardá-los no recôndito de nossas
Almas e tentar esquecê-los lá, até que eles,   rebeldes,
Voltem para nos dominar.”
(Nena Medeiros)
 


Os sábios têm duas línguas, uma para dizer o que pensam e a outra para falar conforme as circunstâncias: quando querem têm talento para fazer o preto parecer branco e o branco como preto, soprando com a mesma boca o calor e o frio e exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito. Quem nos diz isso é o grego Eurípedes .

É ..., mesmo sem ser sábia eu costumo usar desse expediente, exprimo com palavras exatamente o contrário do que sinto no peito. E por que a incoerência? Quais as circunstâncias que me levam a agir dessa forma ? Por que a desarmonia entre o meu sentir e o meu falar?


Por quê...? Porque o que me vai por dentro eu já  não mais divido, tentei lançar ao mar, enterrar no deserto, e enviar ao espaço e não consegui, vive dentro de mim, feito um vulcão,  numa   constante ameaça de erupção e, eu, para não ser tragada por suas lavas, tento agarrar-me a palavras  vazias numa tentativa de negar o que eu não consigo arrancar de dentro do peito.



 

 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/06/2010
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