Do outro lado tem galinha.

Do outro lado tem galinha.

Os pintinhos chegaram sem que fossem esperados. Foram trazidos por minha filha, que trabalhando com extensão rural, está sempre disposta a presentear os filhos, de nove e três anos, com novidades campestres.

Eu antevia que teríamos problemas, mas ante a alegria dos pequeninos: Sorri e achei lindo! O que não era mentira, pois os pintinhos eram mesmo uma gracinha. Alias, como qualquer filhote; até os de coruja.

Os pintos cresceram soltos e já eram galinhas. Tinham até nome.

Bem, preciso esclarecer que: A casa de minha filha apesar de pertencer a outro condomínio, por sorte, ou propositalmente, faz divisa com o meu terreno. E para facilitar as idas e vindas dos netos: resolvemos fazer a ligação entre as duas casas, abrindo uma passagem e colocando um portão de ferro.

Feita essa explicação, prossigo com a narrativa dos acontecimentos.

Acontece que eu tenho dois cachorros que durante o dia estão no canil e a noite, depois dos portões fechado, são soltos para circular ao redor da casa.

Certa manha, eu acabara de acordar, quando o neto, de nove anos, dono de um dos pintos, agora já galinha, entra pela porta da cozinha, muito pálido.

Logo pergunto:

– O que houve?

Ele assustado responde.

– Os cachorros entraram lá em casa.

Surge imediatamente a pergunta, que não pode faltar.

– E as galinhas?

O pequeno, contrafeito, declara.

-Eles pegaram elas.

- Morreram?

- Não, eu salvei uma, a outra está caída. No quintal tem pena pra todo lado.

- Como você fez? Pergunto espantada

- Escutei a gritaria das galinhas. Papai e mamãe não estavam. Aí agarrei a coleira da Belinha ( este é o nome da cachorra) e sai puxando. Quase que ela me carrega, mas eu fui mais forte e consegui trazer ela de volta. o Teddy( este é o outro cão) veio atrás e eu fechei o portão.

Abracei o pequenino e disse cheia de orgulho:

-Você foi muito valente, soube enfrentar o problema com coragem e atitude. Estou orgulhosa.

Tomara que as pobrezinhas tenham sobrevivido. Vamos ver como elas estão.

O quintal, realmente mostrava a luta ali travada. Havia pena pra todo lado. Uma das galinhas estava mal e há outra muito pior. Seria preciso um atendimento de emergência:.. E limpa, passa mertiolate, dá soro pra elas beberem, gotas homeopáticas e tudo que era possível, foi feito.

Uma sobreviveu e está, cada dia, mais gorda; ficamos à espera do primeiro ovo. Entretanto devo declarar que desistimos de esperar pois hoje acordamos com o canto do galo.

A outra, não teve tanta sorte, acabou falecendo.

Nossa empregada disse que daria uma ótima canja; Ainda mais sendo de galinha caipira.

Mas, nosso sentimento não aceitava esta iniqüidade. Afinal, era uma galinha que viramos crescer.

O jeito foi providenciar o enterro. Simples, mas respeitoso.

Dias mais tarde vieram os esclarecimentos:

Tudo aconteceu rápido. A mãe saiu, a empregada se atrasou e o portão de ferro estava mal fechado. Os cachorros, que não são bobos, com o focinho o abriram, e...

Agora, o cuidado em manter o portão de ferro bem trancado passou a ser redobrado.

Pois, se do lado de cá tem cachorro, do outro lado tem galinha...ou galo.

Lisyt

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Lisyt
Enviado por Lisyt em 16/06/2010
Reeditado em 20/06/2010
Código do texto: T2323698