“Feliz ano político”

O que eu mais gosto em “ANO POLÍTICO”, é que homens que eram avessos a comportamentos altruístas, tornam-se, num piscar de olhos, santos ou semi-deuses, prometendo consertar pesadelos que estremecem a tranqüilidade de muitos. Como prostitutas distribuem seus sorrisos e juram enxugar as lágrimas dos desolados; são tão gentis que apertam as mãos de quem antes nunca foi notado e, por incrível que pareça, não as lavam, pois já não se acham mais Pilatos. È tão estranho, os gestos antes brutais, de repente, num momento, viram afagos e palavras de otimismo são repetidas, como num refrão.

Como eu gosto de “ANO POLÍTICO”! Todos estão pré-dispostos a ajudar alguém, o povo é até visto como gente e se tem a impressão que o grande salvador da pátria está por vir. São tantas as “verdades” que ouvimos que somos capazes até de acreditar que é possível sonhar.

“Vinde a mim as criancinhas”! Nem o próprio Cristo carregou e acarinhou tantas e são tantos os colos oferecidos que, um dia, penso que eles serão até capazes de amamentar.

Propagandas gritam pelos quatro cantos MUDANÇAS e buracos no caráter são tapados por uma máscara de "bondade". A generosidade se torna quase um hábito, que são capazes de imitar São Francisco de Assis e doar suas próprias vestes. Não precisamos nem nos apresentar, pois nesse ano eles não decoram, apenas, os nomes, porém, também, os endereços do que eles chamam de “velhos amigos”. Tapinhas nas costas, apertos de mão, sorrisos fraternos, é o que se vê no “ANO POLÍTICO” em que todos (candidatos) tornam-se o ideal para os problemas.

Não há nuvem negra sob o céu desse ano, brindes de esperanças exaltam um futuro promissor e fogos de artifício anunciam os novos tempos, por isso, antes que acabe o ano, vamos todos dar as mãos e com um sorriso comprado a prazo, gritar: FELIZ ANO POLÍTICO.

MÁRIO PATERNOSTRO