Trânsito de Milqusfffn

Acabo de ser reprovado no exame do departamento de trânsito de Milqusfffn. Eu que sou Ministro dos Transportes de MMilqusfffn. Esqueci de dar sinal de luz para ninguém numa rua imaginária a título de simulação. É um complexo de prerrogativas que o departamento não confere a todas excelência,porém aufere com método.

Na quinta-feira o povo ficará esperando na esquina fria e enregelada, sem proteção, aguardando desabrigados os exames para habilitação: título honorífico de motorista. Os enregelados esperam com seus instrutores a chegada dos fiscais. Logo as balizas serão conduzidas e estacadas em pontos de acordo com a idéia de uma garagem imaginária. Espécie de jogo de amarelinha do carro desta vez a sério. Os futuros motoristas devem estacionar entre elas. O Fiscal é o árbitro implacável, posto que régio. Carrega planilha como cetro.

Muitos são os que declaram dirigir mais do que bem sem tais implicações normativas. Depois de toda a teatralidade do exame ocorre o oposto do desejado, esquecem tudo no final das contas. Condiciona interpretação que anula a vitória dos aprovados. Quem lembra do conteúdo ginasiano completo? Mal termina o adestramento pavloviano e os logaritmos vão para o espaço. Trânsito lhe parecia diferente, afinal era um Ministro do Trânsito reprovado no exame do trânsito. Sentiu que havia no caso uma ópera trágica de passagem para cada participante. Sobre os reprovados dessa experiência curiosíssima pesava então uma neurose de repetição com cara de pesadelo kafkaniano.

(O cavalheiro deve compreender que o ato de dirigir deve ter uma única ordem: ser confortável e inofensivo repetiu milhares de vezes pelos corredores dos papéis). Confesso que em Milqusfffn cometi erros graves , reprováveis em meu exame de trânsito. Primeiro estacionei oblíquo, que é também uma das duas formas de estacionar conhecidas, quando era obrigado a estacionar somente do único modo retangular feito para criar atmosfera de espaço reduzidíssimo. Segundo: esqueci de acionar o sinal de luz do veículo numa rua absolutamente vazia para entrar posteriormente dentro de uma garagem imaginária feita com varetas. Pelo qual o fiscal, homem de ciência, poeta das estradas, como muitos, seguiu empenhado em criar melhorias para a condição humana através deste processo aprovando e reprovando. Borram ainda o dedo polegar, fazendo assinar, para em seguida, cobrar mais dinheiro para que se realize tal função.