CANARINHO X URUBÚS
"Noventa milhões em ação
Prá frente Brasil
Salve a Seleção..."
Assim se cantava em 1970. Éramos 90 milhões de brasileiros festejando a melhor Seleção do mundo, três vezes campeã. A Taça Jules Rimet era nossa! E o carnaval tomou conta das ruas e salões pelo Brasil afora, em pleno inverno no Sul. Dia 21/06/70. Data histórica para o esporte brasileiro. A TV, pela primeira vez transmitindo ao vivo uma Copa do Mundo, mostrava nossos heróis e lá estava o capitão Carlos Alberto levantando a Taça. E, nos porões, a Ditadura imperava... 1970, época do governo Médici, o período mais negro da Ditadura Militar. Que quase ninguém viu porque olhos, ouvidos e gargantas estavam voltados para o circo.
2010 _ 40 anos depois _ 192 milhões de brasileiros, sem ação! A população aumentou mais que o dobro. A Seleção não é a mesma, os tempos são outros, a população está desgostosa. E não é com a Seleção Canarinho! É com a seleção de corruptos que supera em mil vezes o número de jogadores em campo. Os campos governamentais é que estão superlotados e os gols não saem. Não fazem gol na Saúde, na Educação, na Segurança. O camisa 10 só faz gol a favor... dele! Os outros também. O goleiro da honestidade quebrou as duas pernas e foi substituído pelo goleiro da mão desonesta. Desse jeito nenhum brasileiro vibra. A desesperança desestimulou até a raiva que, contida, morreu. Os 190 milhões esperam apenas pela Canarinho, porque os urubús instalaram seus ninhos em todas as áreas de atuação política.
Tomara Dunga consiga trazer o hexa! Mas, tomara que nossas mentes não esqueçam de ficar atentas a outra seleção. Porque, na euforia da bola, os "outros" não descansam. Pelo contrário, aproveitam o vazio das ruas para armarem novos ninhos. E quando a população acordar, novos urubús já estarão nascendo e sobrevoando o céu anil do nosso Brasil varonil.
"A Copa de 70 caiu como uma luva para o Presidente
Médici, pois foi utilizada como propaganda política
pela Ditadura, associando a conquista no campo
esportivo ao desenvolvimento do País, milagre
econômico, em momento de auge da repressão
política. Enquanto o povo comemorava, muitos
eram torturados pelo Brasil afora".
(André Raboni)