RAIVA DA COPA
Nada como uma Copa do Mundo, Brasil jogando, para percebermos ao ver o povo correndo, como o Brasil tão grande fica pequeno, e ao ver essa gente toda se espremendo, gritando, gemendo; vejo, ouço e sinto a energia do coletivo, a massa, como se fossemos um só corpo.
É interessante, se olhado a distância; vendo de perto, é apavorante. Cai a filosofia e o misticismo, e o que fica no lugar é um olho aberto diante do perigo do cada um por si, todos querendo chegar em casa, a qualquer custo, a qualquer pena. Velhos, mulheres e crianças se machucando, enquanto os mais fortes e ignorantes tomam a frente, pegam os lugares, agridem e batem.
Do meu canto de olho, vejo o meu povo feliz, mais sinto medo que aquele senhor no metrô possa ser atropelado pela massa. Queria dizer para ele, não entra, deixa pra lá, que isso passa - é apenas um jogo - mas ele também sente que tem o seu direito e entra no meio da multidão, mas grita, quando um sujeito com um braço de elefante o empurra e ele cai, todos olham, ninguém acode.
Grito pedindo ajuda, é tarde! O velho sangra, o segurança chega, mas o trem segue. Ajudo o velhinho a levantar, ele agradece, e enfim, entramos no trem, ele com um corte e eu com raiva da copa.