A RELATIVIDADE DO AMOR

Não posso afirmar de forma absoluta que o amor não acontece assim "à primeira vista".
Claro que a primeira impressão é muito importante.
Ouvimos muito que há que se ter contato de pele, ou de cheiro, para que se tenha convicção plena da conexão amorosa.
Há quem diga que basta o contacto intelectual para tornar absoluto esse sentimento tão nobre.
Conheci um casal que manteve um relacionamento virtual durante longo tempo. A certeza do amor foi tanta que se conheceram pessoalmente apenas no dia do casamento.
Não sei o que aconteceu depois, mas percebi no jeito de pegar as mãos e na troca de olhares que faltava alguma coisa, algum calor entre eles.
Posso até estar enganada, mas observei claramente uma certa frieza quando o relacionamento se tornou pessoal. 
Pareciam dois robôs que repetiam as mesmas frases que trocaram durante anos no computador.
Conheci também outro casal que namorou durante dezoito anos. Sempre estavam juntos em todos os momentos.
Ficaram noivos e marcaram o casamento para muito breve.
Uma semana após o noivado, aconteceu o inusitado.
O noivo disse que se apaixonou "a primeira vista" por outra pessoa que conhecera no dia seguinte ao noivado. Terminou tudo com a namorada de tantos anos e acabou se casando com aquela do amor à primeira vista. 
Assim, não podemos ter uma noção absoluta ou um manual bem acabado que nos mostre quando há ou não um amor verdadeiro. 
Cada um terá a noção exata desse sentimento conforme o que dele construir.
Nunca se pode dizer que o amor segue aquele raciocínio que diz:

"A mente é uma máquina obediente ao comando de seu dono".

Existe sim, muitos mistérios de dimensões inalcançáveis ainda pela mente humana no que concerne a esse nobre sentimento.
Uma lição que quero deixar bem registrado aqui aos colegas, não devemos julgar o amor de um poeta, ainda que suas dimensões pareçam tão absurdamente diferentes uns dos outros.
Pois o amor é assim relativo, democrático, não tem preconceitos, gentil e muito generoso.



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