Governador do Estado vai morar em Itabaiana
Acredita não? Então leia o Diário do Estado: “Hoje a grande cidade do interior, talvez a única do Estado que apresenta o aspecto de meio civilizada, está quase toda calçada e arborizada, tem abastecimento d’água, serviço de remoção de lixo e outros próprios das cidades onde o bom gosto e a honestidade predominaram.”
Esse diário é de 1916, uma quarta-feira, dia 17 de maio. Quem colheu essa pérola foi Romualdo Palhano, e vai publicar em seu livro “O Teatro em Itabaiana - Da União Dramática ao GETI”, obra a ser lançada no início de 2011. Deixo com vocês o trecho em que Romualdo fala desse fato marcante do tempo em que éramos risonhos e francos, radiosos e otimistas, exultantes como moradores de uma cidade bonita, rica e culta.
“Nesse período a cidade de Itabaiana passou a ser notícia de jornal por sua beleza, economia, seus jardins, entre outros fatores. Com sua estação triangular, com a indústria mais famosa do Estado e com o melhor Jardim Público da região, foi nessa época que a cidade chamou a atenção de alguns governantes. É nessa fase áurea que o Vice Presidente passa um período residindo na cidade, na Praça do Coreto. Oportunamente, o Presidente do Estado, Sr. Antonio Pessoa, encantado com o desenvolvimento e a beleza da cidade, também resolve usufruir da qualidade de vida que oferecia aquele município. Isto fica claro no “Jornal Diário do Estado, anno II, número 381:
O Presidente do Estado vae morar em Itabayanna defronte de um jardim aberto em praça arborisada e cuidada, como na capital não se faz, embora hoje o jardim esteja desfalcado de suas muitas roseiras e ornamentação de vistosas folhagens, mas em todo caso é um jardim.”
O famoso Coreto de Itabaiana ainda resiste até os dias de hoje. Em Itabaiana o Conselho Municipal funcionava no antigo prédio do “Paço Municipal”, ainda hoje existente naquela cidade. Atualmente, funciona a Câmara Municipal de Itabaiana - Casa Dr. Antonio Batista Santiago.”
E por aí vai o livro de Romualdo Palhano, uma obra que enleva qualquer itabaianense. Depois ele fala da nossa cultura, dos artistas de teatro e do movimento artístico, até chegar ao Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, conjunto que merece longo exame, incluindo espetáculos montados e episódios vivenciados nos mais de trinta anos de atuação dos amadores. O texto ainda oferece elementos para o debate sobre nossa involução.
Este livro cumpre um papel importante, que é o de registrar nossa história recente de forma objetiva. A construção narrativa sobre o passado itabaianense é mais uma grande contribuição desse itabaianense/potiguar à cultura paraibana, que sabe combinar as peculiaridades da pesquisa universitária com a reflexão e as confidências de um artista que foi nosso munícipe por muitos anos e aqui deu início à sua trajetória vitoriosa no mundo da cultura e das artes.
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