15 DE JUNHO 1958***15 JUNHO DE 2010

52 ANOS

O dia estava meio frio, com nuvens mormacentas cobrindo parcialmente o céu da Cidade de Santa Maria da Vitória. O clima era de frio no sertão baiano, pois nesta época no mês de junho é a época de frio intenso para aquela região.

Era um domingo, onde o sol aparecia de vez em quando e, depois, encoberto pelas nuvens passageiras, se escondia, parecendo brincar de esconde-esconde. O vento que sopra leve nesta época,deixava a pele das pessoas ressecadas, e elas tinham que passar banha de porco para lubrificá-las, evitando assim o ressecamento total da pele e o rachar dos calcanhares.

Tudo parecia calmo na cidade naquele dia; de repente, ouve-se o primeiro apito do vapor avisando que,já estava chegando à cidade e, quando isto acontecia, praticamente toda a população da cidade deixava as suas casas, rumando-se para o cais do rio,para assistir a chegada da grande embarcação. (vapor - embarcação movida por máquina acionada a vapor d ‘água) A chegada e a saída de um vapor da cidade, era um dos espetáculos mais lindos de serem assistidos. O apito ( o primeiro era dado logo que a embarcação contornava a volta da pedra, avistando a primeira curva da Sambaíba), a manobra no aporto, a chegada de pessoas que vinham das Minas Gerais, de Bom Jesus da Lapa, de Juazeiro etc., a roda traseira girando, a fumaça da chaminé, tudo era tão maravilhoso e fantástico!

Na multidão que se aflorava para o cais da cidade, à beira do Rio Corrente estava a jovem mulher, Odília, grávida, já nas horas de ganhar o bebê, acompanhada das irmãs, Dafinha, Bezinha e Neuza que, também se extasiavam com a chegada do vapor. Vale lembrar que, além da chegada da embarcação,parte da população vivia uma ansiedade diferente, pois, também, era período de Copa do mundo que se realizava na Suécia e, havia uma grande expectativa de que o Brasil ganhasse o primeiro título mundial.

Já sentindo uma fadiga maior, a Odília comunicou às irmãs que, queria voltar para a casa da Tia Rosa, e as irmãs que estavam com bastante cuidadosas com ela, em razão do estado avançado da gravidez , atenderem prontamente o pedido e, juntas, fizeram o caminho de volta para à casa da tia Rosa.

Ao chegar na casa, a jovem Odília reclamando de cansaço, foi para o quarto para descansar um pouco. Minutos depois, ouviu-se um choro de criança. Surpresos, todos correram para o quarto e se deparararam com um garoto recém-nascido. O Zé dos Reis,o padrasto da Odília, parteiro de profissão, que tinha vindo À Santa Maria, diretamente do Povoado da Barriguda de São Manuel, região de Correntina, com o fim único e específico de realizar o parto, deu-lhe uma bronca tremenda por ela não lhe ter avisado a tempo.

Foi assim que o meu amigo João Nogueira da Cruz nasceu naquele dia 15 de junho de 1958, em um domingo de futebol na Suécia e chegada de vapor, justamente às dezenove horas, aproximadamente. Vale lembrar que, alguns dias depois a seleção brasileira sagrava-se campeã do mundo pela primeira vez. A certidão de nascimento do meu amigo, só foi lavrada em 08 de dezembro deste mesmo ano, sob o número de nascimento 6.280 pela tabeliã , Dona Elza Gonçalves Rocha, a dona Zazinha, tendo como testemunhas os senhores, Emilio de Sousa Leão e João de Queirós Monteiro Sobrinho.

Esta história foi contada a mim pela própria Odília anos depois e, exatamente hoje, dia 15 de junho de 2010, o meu amigo está completando 52 anos de existência e, nesta data, por 24 horas, em sua homenagem, citarei uma estrofe do poema “Meus 52”” do Poeta Novais Neto, meu amigo e amigo do homenageado, inclusive tenho a ousadia de alterar uma palavra, de outubro para junho, sendo que este poema completo poderá ser lido aqui mesmo no Recanto das Letras.

Junho, meu grande mês

Vou fazer cinquenta e dois

E assim vai seguindo a banda

Enquanto alguém toca a zabumba.

O primeiro campeonato da nossa seleção fará 52 anos daqui a alguns dias. Aquela jovem mulher já partiu deste mundo a bastante tempo e não poderá abraçar o meu amigo,seu filho. Mas eu posso.

FELIZ ANIVERSÁRIO AMIGO!!!!!!!