CRÔNICA - Temos obrigação de ganhar a Copa de 2010
Um sentimento de tristeza, aliado ao de decepção, me invade o coração e a alma nesta fase em que se inicia mais uma copa mundial de futebol associação.
De um lado, o esconderijo do nosso escrete das emissoras de rádio e televisão, assim como de jornais, enfim, da mídia como um todo, cujo trabalho fica completamente prejudicado, e isso é ruim para todo mundo: os que aqui ficam sem notícias atualizadas; os jornalistas que ficam com seus empregos comprometidos, pois vivem da notícia; os próprios jogadores da equipe canarinha; os cartolas e, principalmente, o Dunga, que é o mais rigoroso de todos: o pai da matéria.
Sonegar informações sobre uma delegação nossa em território alheio é um procedimento completamente inconstitucional, nem precisa ser advogado para sabê-lo, até por que todos esses que a compõem são pessoas públicas e como tal devem ter a vida aberta à sociedade. Não se quer aqui ser contrário a que haja treinamentos reservados, de maneira alguma, mas isso tem de ter limite tolerável, disso ninguém tem dúvidas.
Com todo esse segredo, com toda essa pompa e desrespeito ao povo nacional, que me perdoem os nossos representantes, eles ficam com a séria obrigação de fazer a canarinha ganhar mais uma copa e se tornar HEXA-CAMPEÃ mundial de futebol. O povo brasileiro vai cobrar isso, tanto do presidente da CBF, como de todos os cartolas e até do presidente da República, que ficou omisso nessa palhaçada toda de ocultar o dia a dia de nossos heróis (?).
Agora, nessa situação, vivem os nossos jornalistas esportivos praticamente repetindo notícias que já são “bonecas”, vencidas, atrasadas, e aí começam a dar prioridade à seleção Argentina, por exemplo, com ênfase ao Maradona, essa figura desprezível, que toda sorte de péssimos exemplos espalhara nos meios esportivos, desde golaço de mão ao “doping” em que fora pego num dos mundiais e ao uso de drogas proibidas em lei.
Bastou esse sujeito, que na última entrevista chamou o nosso Pelé de “moreno”, dizer que iria ficar nu em plena Buenos Aires se acaso sua seleção fosse campeã, para que a repercussão tomasse conta do mundo, especialmente do Brasil, país que dá mais valor à sacanagem do que às coisas sérias. Já tem emissora querendo comprar todos os direitos de transmissão daquela figura nua, cheia de cachaça a desfilar nas ruas da capital portenha, em cenas horripilantes para um mundo que se diz moderno e desenvolvido.
Mas priorizar logo a Argentina, nossa maior rival! Com que intenção? Por que não escolher duas seleções mais fracas, lá da África mesmo, e dar-lhes total cobertura, a fim de que possam ser mais conhecidas no mundo. Ora, se não querem nos dar notícias, que a imprensa deixe de lado o nosso escrete, rompa de uma vez por todas. Todavia, isso jamais ocorrerá, eis que, dentre elas, há uma que consegue, ningém sabe como, furar determinados bloqueios e chegar com algumas notícias. São casos de privilégio que deveriam ser apurados religiosamente.
Outra coisa, se algum brasileiro chamar o Pelé de “moreno” com certeza será imediatamente processado, não por ele, que não liga pra essas coisas menores, mas pela sociedade, que está acima do bem e do mal.
Por essas e outras razões, posso afirmar com certeza, tenho vergonha de ser brasileiro.
Em revisão.
Era o que tinha a dizer.