(In) certezas.
Noite de domingo, final de tarde fria e cinzenta, algo que não condiz com a vontade real de que se inicie uma semana de cores e sons sutis, porém alegres.
Fico pensando em mim mergulhada e quase a me afogar em questionamentos e angústias refletidas por todos os cantos e recantos da alma.
Onde na vida descobrimos que erramos?
E por vezes parecemos apenas errar sempre e repetidamente.
Ainda que tentando acertar?
Erramos no tom da voz ou no calar,
erramos no sorrir e no chorar,
erramos em querer carinho e demonstrar;
erramos em não demonstrar.
Erramos e só fazemos errar.
Erramos nos sonhos que evitamos que
se tornem pesadelos,
nas lágrimas que escondemos,
naquelas que deixamos cair.
Erramos no vinho que engolimos em
um só gole,
ou naquele que deixamos o último gole
para trás.
Tudo parece estranhamente um engano,
um erro, que já não sabemos como
consertar.
De repente nos vemos como um fardo
pesado, errante e cansado de tanto
nos esforçarmos para quem sabe
talvez acertar.
O frio já não apetece, o calor já nem
quer chegar.
Tudo é um grande mistério, será que
desta vez, e de que forma vou acertar?
Ao lado do outro ser que parece nos
engolir em seco,
vamos lutando/ levando a vida e esperando
que mais uma vez, em um novo dia/momento
não nos seja sugerido a partida, ou insinuado
o abandono.
Mas sem dúvidas, vamos tentando acertar,
adivinhando a fórmula que nos ajude a ser
melhores, ( piores sempre já somos ultimamente).
Viramos um problema pessoal.
Vamos tentando ser diferentes,
sem nos perdermos no caminho,
sem deixarmos para trás o sorriso,
sem levarmos apenas lágrimas (que caem
e são frequentes) brotados das nuvens da
alma , que já irrefletida e abandonada se questiona
cheia de (in)certezas: aonde acertar se virei um
grande e irremediável erro?
Será que vou novamente quem sabe,
em alguma página, conseguir acertar?
Superar as dores de indiferença e os goles
de vinho e ignorância que viram migalhas e gotas
na mesa?
São (in)certezas de quem só quer aprender a
acertar na mão e deixar de ser peso, estorvo e
angústia.
São vontades de quem quer em um desabafo,
deixar de ser só solidão.
Márcia Barcelos.