Conspirações, palavras e sensações
As palavras, muitas delas, são como as pessoas: têm personalidade. Nós lhes damos significados como força, leveza, densidade, movimento mistério etc., e as tornamos uma espécie de espelho que reflete o nosso imaginário, seja ele sobre algo concreto ou abstrato. A palavra “conspiração” dita assim, sozinha, sem contexto algum, já desperta no leitor ou no ouvinte o mistério, por normalmente proporcionar uma sensação maior do que o próprio dicionário justificaria. Induz às mais imaginativas hipóteses, infinitas idéias à sua menção. O histórico intangível acumulado em nossas cabeças nos fornece enevoados dados, ocultas insinuações, complexas e supostas bases que respaldam ou justificam a sensação que temos diante dela. Talvez porque saibamos, lá no fundo, que o ser humano, ao lado de ser político é também um conspirador. Seus primeiros passos na vida podem fazê-lo iniciante nessa prática já no seio da família; depois com os amigos (ou comparsas) mais especiais e daí por diante. O fato é que as organizações possuem sempre um estatuto que é público, mas tanto pode encerrar intenções não percebidas facilmente (se tiverem algo a esconder sobre suas reais intenções) como podem conter entre seus membros elementos que discordem do status e congreguem secretamente forças para operar paralelamente ou fazer as mudanças que lhes interessem. Há quem reaja com ceticismo ao ouvi-la sendo objeto de acusação dos mais perceptivos esquecendo certamente que quase tudo que sabemos a respeito do que não vimos sofreu provável censura prévia dos que nos repassaram. Esquecem eventualmente que nós somos manipuladores por natureza e que qualquer sociedade baseia-se na exclusão dos não sócios na salvaguarda de seus interesses. Vemos isso a todo o momento e em toda parte. A nossa indiferença precisa existir para compensar a nossa impotência diante dela, tal como a hipocrisia o faz para que consigamos mos relacionar socialmente, entretanto isso não justificaria um completo fechar de olhos. A conspiração está no ar e quanto mais inexistir para a massa alienada mais cumprirá o seu papel. É de sua natureza ser secreta, portanto, somente a história tratará de si através dos tempos. Quanto à personalidade da palavra “história?” Esta, já é outra estória...