Primata Moderno

Desde que o mundo é mundo, mais precisamente, desde o surgimento do homem primata ou homo sapiens, como são geralmente conhecidos, e anteriores, que existem os confrontos pessoais, sejam eles por território, por poder, por posses, mas sempre teve um motivo. Em uma necessidade de se firmar no espaço/tempo em que viveu, matou, morreu, escravizou, dominou, portanto, era tudo fruto de uma inconsciente necessidade de demarcar terreno e mostrar que ali tinha um “chefe”. Com o passar dos séculos, dos tempos, o sapiens começou a evoluir; passou da comunicação por gestos para uma linguagem falada e da falada para a escrita, muito tempo depois, mas evoluiu, evolução esta no seu sentido mais abrangente, ou seja, um “desenvolvimento gradual das idéias”, sendo assim, o homem procurou pensar primeiro para depois, só depois, agir, assim se deu a evolução do homem em toda sua história. Estamos falando aqui de um “homem-gesto” que evoluiu para “homem-fala”, um salto libertário da humanidade, pois para vermos a importância desse salto basta pensarmos à vida hoje sem a fala ou a escrita. Este mesmo ser em evolução se dividiu, criando as várias facetas hoje encontradas na personalidade humana. E, de certa forma, alguns insistem em passar por um processo de “involução”, ou seja, voltar a ser o que já foi.

Depois de séculos de histórias, mudanças em sistemas, de conduta, de segmentos, o homem começou a se modernizar, o seu pensamento saiu do tradicional para se acomodar no dinâmico, no arrojado, ou seja, se aconchegar no berço da modernidade que não é nada mais nada menos que uma “tendência às inovações”. A modernidade que batia a porta do ser humano em geral, dizia que uma vida nova estava sendo oferecida, que o antigo já era, o que restava agora era o inovador, o novo, os avanços tecnológicos e de comportamentos, porém, por essa mesma divergência, divisão, que é tão peculiar ao ser humano desde o seu nascedouro, uma facção de seres nomeados “humanos” insistem em involuir, em voltar ao tempo das clavas, das cavernas, um tempo em que a violência era a única saída para a sobrevivência.

Ah! Modernidade. Produzida em laboratório para ser a mais humana das tendências, a que iria libertar a mente humana da tradição tão sanguinária e animalesca que deveria ficar no passado, mas mostrou-se em atividade, pronta para sua próxima erupção. Tanto dizemos: “...tempos que não voltam mais”, que equívoco. Sabemos que o homem está indo de encontro a sua origem, tempos de escuridão se aproximam. Antes, “a violência era a única saída para a sobrevivência”, hoje, é fruto de uma escolha para a vivência do “mais forte”. Podemos dizer que vivemos a nossa idade das trevas, em que o respeito ao direito à vida cessou e novamente voltamos à lei de talião: “olho por olho e dente por dente”; a violência não escolhe mais a quem vai procurar. O convívio entre seres da mesma espécie, humanos, está ficando cada vez mais insuportável, insustentável, pra não dizer impossível. Os humanos estão se matando cada vez mais e o que é pior sem nenhum sintoma de culpa ou remorso, apenas mata! Priva o seu igual de uma possível longevidade. Então, não podemos dizer que é a lei do mais forte, a não ser que o conceito de mais forte seja “aquele que mata, extermina, dizima”, não, não podemos!

A vida era breve, agora é meteórica. Se o amanhã era incerto, com a volta do homo sapiens muito mais primitivo, agora ele é perigoso. Estamos sendo impelidos de desejarmos: até logo! Pois não sabemos o quanto vai durar o logo ou se vai existir algum logo. O homem, hoje, voltou a se produzir feito um cavaleiro medieval, saindo às ruas com suas “lanças”, “escudos”, “espadas”, então, só resta a pergunta: o que há de moderno no mundo de hoje? O que podemos chamar de evolução? A modernidade foi primitivizada, o futuro e o passado se fundiram, mas prevaleceu a força do que já passou e, com isso, o homem não evoluiu, mas sim, se estagnou na sua própria perversidade histórica.

André Henrique

10/03/2007

DecoBarboza
Enviado por DecoBarboza em 13/06/2010
Código do texto: T2317573
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