Rostos Tristes
São rostos de crianças, velhos e velhas, marcados pelo tempo e pelo sofrimento. Expressando cansaço, tristeza, desilusão, desesperança, medo do desconhecido, despedida dessa vida, esperando quem sabe, ser mais feliz na outra.
Nos rostos velhos, aquela indagação do como poderia ter sido, ou mesmo a constatação de que não tinha como ser diferente. Nas expressões faciais das crianças, ao invés daquele brilho esperançoso no futuro, a dor da fome, do abandono, da exploração e da desesperança.
Na solidão do velho e da criança, os caminhos seguem em sentido contrário, mas rumo a um mesmo destino, o do silêncio, da instrospecção, do alheamento, da escuridão. Seus rostos adquirem marcas e perdem brilho, eternizam formas que expressam dureza, tristeza e uma morte ainda em vida.
São estes os rostos de nossos meninos e meninas de rua, e também de nossos idosos e idosas abandonados por seus familiares em asilos, e pelas ruas de nossas cidades, precisando urgente de nós, de nossa solidariedade, de nossa generosidade, de nossa responsabilidade, de nosso amor, pra que consigamos mudar "a face" da criança e do idoso carente em nosso país, e porque não dizer, no nosso mundo.
Sim, porque assim como a tristeza, a melancolia, o abandono, também o amor, a esperança, a alegria, a solidariedade, não têm cor, religião, raça, nacionalidade, língua ou filosofia, o que deve sempre existir é o sentimento de humanidade, o direito a ser, a ter, a sonhar e a realizar.
Não podemos permitir que o que fique marcado em nossos rostos e em nossas mãos, sejam marcas apenas de sofrimento. Este último tem sua função, mas não pode permanecer no topo de nossa existência, é preciso que ele venha como uma circunstância, nos ensine algo, e nos deixe, nos libere para o bom, para o prazeroso, o divino. Só assim teremos a comprovação do que está escrito no nosso livro sagrado:"E Ele vos criou à sua imagem e semelhança..".