O SUMIDOR DAS COISAS

Hoje, dia de Sto Antonio, quero celebrar. Eu o considero um amigão, por isso ‘converso’ com ele de uma forma diferente. Não por ser o santo casamenteiro. Talvez ele tenha me dado uma mãozinha nesse quesito, nem sei... Em outra área é que me ajuda bastante e isto vem de longa data.

Sempre que perdíamos algo, mamãe dizia ‘reze pra Sto Antonio’. Eu rezava. Algum tempo depois, achava o objeto em lugar completamente inesperado. Seria ele o santo encontrador de coisas?... E por essa época eu ainda não sabia da ‘existência’ de São Longuinho, aquele dos três pulinhos.

O fato é que ao longo da minha vida tenho recebido o socorro deste amigo. Principalmente naquelas horas de desespero, quando um documento – que estava bem guardadinho – desaparece. E por mais que o procure, não encontro. Fico nervosa, quero chorar, mas não adianta. O melhor é não espalhar os papéis, para não correr o risco de perder outros mais... Recoloco tudo no lugar. Aí então, penso no meu Santo e faço uma promessinha pra ele, tentando me acalmar. Algumas horas depois, um dia ou dois, o tal documento aparece. Quase sempre naquele mesmo lugar em que procurei, e não vi. Às vezes em outro, remexido totalmente ao acaso.

Essa promessinha quem inventou foi minha Vó Adélia. Para ela Santo Antonio não era o encontrador de coisas, era o ‘sumidor’ das coisas... Diferente do saci-pererê, que esconde pra se divertir, segundo ela o santo ‘esconde’ pra fazer o bem. Querendo encontrar o perdido, ela prometia colocar algum dinheiro na caixinha do ‘pão dos pobres’ das igrejas católicas. É claro que a promessa ‘original’ pode ter outras interpretações. O importante é prometer ajudar a quem necessita.

Além de bom casamenteiro, meu Amigão é também o protetor dos menos afortunados.