TÔ DOIDO, TÔ DOIDO. TÔ DOIDO...

TÔ DOIDO, TÔ DOIDO. TÔ DOIDO...

O diretor desse jornal, Olmiro, me vendo muito agressivo em minhas crônicas, me mandou procurar um psicólogo. Fui então ao meu colega de coluna, e também psicólogo, Everaldo, que me diagnosticou com uma sigla estranha, SCPL, “Síndrome contra Políticos Ladrões”, mas que ele ainda não conhecia a cura. Mandou-me então ir para o Rio Grande do Sul procurar o seu colega, o Analista de Bagé.

Por forças da circunstâncias e até obrigado, fui atrás desse psicólogo e marquei uma consulta. O Analista me recebeu e como de praxe me mandou deitar no divã e pediu pra que eu começasse a desabafar. Ele ouviu atentamente e resolveu então me indagar. Primeiro perguntou se ao nascer quem fez o parto da minha mãe foi um vereador, eu disse que não! Se eu perdi minha virgindade com uma prefeita, falei que não! Se eu era obrigado no colégio a dar cola a um deputado, respondi que não! Se eu apanhei quando criança de um senador, gritei que não! O Analista de Bagé então falou que meu caso era muito grave. Fiquei com medo e perguntei se havia cura para essa minha doença. Ele respondeu que sim, mas tudo tem seus prós e contras. Ele me falou que se eu me curasse iria ver político roubando e ainda iria aplaudi-los em seus comícios. Que ficaria contente quando eles pegassem meus filhos no colo e que nem estaria aí para os furtos e desmandos. Aceitei o tratamento, mas queria saber dos contras, se é que os prós já não são contras. Ele me falou que os efeitos colaterais seriam de latejar. Alienação, analfabetismo e passividade, era com tudo isso que eu teria que conviver. Falei que não queria então a cura e que me acostumaria com minha doença, pois tentaria acabar com a causa. Se é que há um antídoto para caras de pau.

O Analista de Bagé não gostou que eu mesmo me diagnosticasse e atirou pedras pra todos os lados. Falou que Everaldo precisa aprender com ele, que Olmiro tinha que me expulsar do jornal. Disse ainda que Everaldo, Olmiro e eu somos farinha do mesmo saco e que deveríamos usar o jornal pra outra coisa. Voltei do Sul mais doido do que antes. Vejo que Olmiro é mais louco do que eu, pois me deixa escrever em seu jornal e Everaldo maluco, pois me mandou procurar O Analista de Bagé.Agora só me resta gritar: tô doido, tô doido, tô doido...

O diretor desse jornal, Olmiro, me vendo muito agressivo em minhas crônicas, me mandou procurar um psicólogo. Fui então ao meu colega de coluna, e também psicólogo, Everaldo, que me diagnosticou com uma sigla estranha, SCPL, “Síndrome contra Políticos Ladrões”, mas que ele ainda não conhecia a cura. Mandou-me então ir para o Rio Grande do Sul procurar o seu colega, o Analista de Bagé.

Por forças da circunstâncias e até obrigado, fui atrás desse psicólogo e marquei uma consulta. O Analista me recebeu e como de praxe me mandou deitar no divã e pediu pra que eu começasse a desabafar. Ele ouviu atentamente e resolveu então me indagar. Primeiro perguntou se ao nascer quem fez o parto da minha mãe foi um vereador, eu disse que não! Se eu perdi minha virgindade com uma prefeita, falei que não! Se eu era obrigado no colégio a dar cola a um deputado, respondi que não! Se eu apanhei quando criança de um senador, gritei que não! O Analista de Bagé então falou que meu caso era muito grave. Fiquei com medo e perguntei se havia cura para essa minha doença. Ele respondeu que sim, mas tudo tem seus prós e contras. Ele me falou que se eu me curasse iria ver político roubando e ainda iria aplaudi-los em seus comícios. Que ficaria contente quando eles pegassem meus filhos no colo e que nem estaria aí para os furtos e desmandos. Aceitei o tratamento, mas queria saber dos contras, se é que os prós já não são contras. Ele me falou que os efeitos colaterais seriam de latejar. Alienação, analfabetismo e passividade, era com tudo isso que eu teria que conviver. Falei que não queria então a cura e que me acostumaria com minha doença, pois tentaria acabar com a causa. Se é que há um antídoto para caras de pau.

O Analista de Bagé não gostou que eu mesmo me diagnosticasse e atirou pedras pra todos os lados. Falou que Everaldo precisa aprender com ele, que Olmiro tinha que me expulsar do jornal. Disse ainda que Everaldo, Olmiro e eu somos farinha do mesmo saco e que deveríamos usar o jornal pra outra coisa. Voltei do Sul mais doido do que antes. Vejo que Olmiro é mais louco do que eu, pois me deixa escrever em seu jornal e Everaldo maluco, pois me mandou procurar O Analista de Bagé.Agora só me resta gritar: tô doido, tô doido, tô doido...

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO