Filhos
Algo que todos com certeza somos. Gostemos ou não de nosso pais, conheçamos ou não eles, tenhamos sido criados ou não por eles, respeitemos ou não a eles e amemos ou odiemos nossos pais, sempre seremos filhos de alguém. Somos filhos e ponto.
Metade de nossa carga genética vem de nosso pai, e a outra metade vem de nossa mãe. Nem por isso somos um mix de ambos. Somos únicos, e sempre seremos solitários em nosso ser, seja ser, o que quer que seja. Seremos únicos também em nosso devir.
Por mais que nossos pais tenham participação em nossas vidas, por mais que nos deixemos envolver por pais dominadores ou super protetores, ainda assim seremos únicos. Podemos até culpá-los por nosso presente, mas não podemos dizer que não somos únicos. Somos, em última instância, responsáveis diretos por nossos atos, tão logo deixamos nossa juventude.
Ninguém vive a nossa vida. Somente nós, vivemos as nossas experiências de vida. Somente nós, sentimos nossas dores, nossas alegrias, nossos medos, nossos prazeres, nossas felicidades, nossos mais íntimos sentimentos, nossas emoções, nossos desejos. Somente nós, pelo menos aqueles que possuem algo de místico em seu sentir, podemos sentir nossas próprias experiências astrais ou transcendentais. Somente nós, nós próprios, podemos viver nossos pensamentos e nossas crenças.
Somos complexos, somos um pouco do que nascemos, é lógico, mas somos também o que a vida nos tornou. Temperamos nosso ser com um pouco do que desejamos conscientemente ser, e desta forma, por isso mesmo, somos únicos em nosso complexo mundo físico, biológico, mental, psicológico e social.
São raras as certezas que podemos ter. Uma delas, talvez a maior, é que a morte física nos pertence. Ela virá, por mais que não a desejemos. A morte nos será eternamente certa, entretanto não a devemos temer. Ela não é nada. Do nada viemos, e para o nada, com certeza, nos dirigiremos. Mas por que temer o que não é nada. Não devemos assim, temer a morte. Devemos sim amar, louvar e desejar a vida. A morte nos será certa. A vida nos é eterna enquanto eterno for o nosso presente.
Realizem comigo: A morte é exatamente a eternidade do nada. Jamais dividiremos um só instante, um ínfimo e micro instante com a morte, posto que enquanto vivos a morte nada é, e quando morto, eu nada sou. Assim, jamais compartilharemos em vida da morte, por isso devemos vê-la como nada. Porque sofrer pelo nada. A morte para a vida nada é.
Outra certeza que carregamos, tão forte como a anterior, é que se nascemos, somos filhos.
Podemos até não nos sentirmos filhos, podemos rejeitar nossos pais, mas isso não nos retira o atributo de filhos.
Sexo natural, inseminação artificial, fecundação in-vitro, sexo forçado, desejado ou não, contudo continuamos sendo filhos. Mesmo que mentalmente busquemos apagar de nossa mente a imagem de nossos pais, removendo a lembrança de que eles tenham existido, jamais apagaremos de nossa biologia a assinatura de que somos filhos de alguém.
Se aqui chegamos, parte de nossa genética é de um pai, qualquer que seja ele, e outra parte genética é de uma mãe, seja ela ou não quem nos criou.
Amanhã, quem sabe, poderemos desenvolver a clonagem humana. Eu pessoalmente sou contra, mas este é assunto para outro texto. O certo que chegaremos a este dia, e a partir deste instante desaparece o conceito de pais (pai e mãe) como hoje o conhecemos.
Mesmo nesta data, onde a clonagem humana passe a ser algo verdadeiro, seja a carga genética totalmente de uma mulher, ou seja, ela originaria de um homem, ainda assim persistira, pelo menos o conceito de mãe, sendo esta aquela que gerou em seu ventre o ser que irá nascer.
É óbvio que a clonagem, além do conceito moral que deve ser bem discutido por toda a sociedade, suscitará novas dúvidas quanto a considerações éticas e biológica que serão postadas por esta nova realidade. Espero que o homem encontre justificativas éticas para as novas considerações que surgirão.
Como vimos, a mãe que gestou o clone, desde o zigoto, até o seu nascimento continuará existindo, por muito e muito tempo.
Alguém poderá dizer que o homem poderá um dia criar uma maquina, ou pelo menos um aparelho que propicie a gestação artificial desta nova vida. Em sendo isto verdade novas considerações éticas deverão ser levantadas e analisadas. Pelo que me consta, não estamos sequer perto de algo parecido. Por isso não me aprofundo nesta discussão, mas se existir tal possibilidade, ela arruinará, desta forma, o conceito de família.
Biologicamente falando, mesmo nos casos de clonagem humana, a célula zigoto, que desenvolverá o novo ser, possui biologicamente uma carga genética original, metade de um pai e metade de uma mãe.
Agora:
Se supormos que a carga genética para o clone, seja da própria mãe que fará a gestação do feto, ainda assim, esta carga genética é parte do pai da gestante e parte da mãe desta. Assim, este bebe, será geneticamente filho do seu avô e da sua avó. Neste exemplo, a mulher, cujo corpo, gera a criança, será mãe enquanto gerando o bebê, e irmã, enquanto uma analise genética. Qual será a saída ética e legal para esta situação, eu não sei.
Generalizando:
Existirá, com certeza, a uma mulher que será a mãe, que levará a gestação a contento.
A carga genética pode ser desta mesma mulher, de outra mulher, ou mesmo de outro homem. Porem toda a carga genética, de qualquer ser, será metade de seu pai biológico e metade de sua mãe biológica. Assim, geneticamente falando, este novo ser gerado inicialmente por clonagem humana, sempre terá um pai e uma mãe biológica.
Se eticamente e legalmente isto terá alguma influência, eu não sei, mas o que importa, para este texto, é que mesmo clonados, teremos sempre uma mãe responsável pela gestação, e geneticamente teremos um pai e uma mãe.
Apenas para mostrar o grau de complexidade que deve ser analisado, vamos supor que uma mulher, seleciona como carga genética, um dos seus avós. O bebe terá assim uma carga genética que é metade de seu tataravô e metade de sua tataravó. Ao nascer este filho, será maternamente gerado por um seu bisneto. Será um tio de seu bisavô, loucura estrutural, mas verdade possível.
Mesmo desta forma, continuaremos sendo FILHOS.
Um filho não nasce para seus pais, e sim para o mundo. Isto é um fato que não podemos esquecer, ou que não deveríamos esquecer. “Seus filhos não são seus filhos, mas filhos da ânsia do viver” já falava a muito temo K. Gibran.
Até este momento, permiti a minha mente fluir sem críticas, quanto ao filho biológico, mas ser filho é muito mais do que sê-lo biologicamente. Ser filho, é também uma ação de sentimentos, de vontade e de AMOR.
Somos filhos, também, de quem nos criou, sejam eles nossos pais verdadeiros, uma mãe solteira, um pai solteiro, uma família que nos criou ou nos adotou, sejam eles nossos avós, tios. Eles serão, também, nossos pais emocionalmente. Somos seus filhos, se não de direito, pelo menos de sentimentos e de dever. Somos filhos, igualmente, de entidades filantrópicas que podem ter nos criado, como asilos, orfanatos, berçários e etc.
Como filhos somos o cerne de uma família. Para este que aqui escreve, uma família nasce e ganha vida, quando é chegado um filho, seja ele natural, biológico ou adotado.
Um casal não é uma família, é tão somente um casal.
Uma mulher solteira, com um ou mais filhos é uma família.
Uma família tem a ver com continuidade, mas isto será assunto de um próximo texto.
Nascemos filhos, mas nascemos para o mundo. É nosso dever, respeitando sempre nosso pais, buscarmos nossa independência física, mental e psicológica.
Quando crianças, normalmente, vivemos a fase mais feliz de nossas vidas. Somos ingênuos, somos livres em nossa quase total dependência. Somos capazes de nos alegrar com amigos invisíveis, somos capazes de fazer de uma pedra um carrinho, de outra pedra um boneco, de uma tampinha de refrigerante um tesouro, de uma caixa de sapatos um cofre para nossos tesouros. Normalmente vemos nossos pais como perfeitos e como heróis.
Sempre filhos, crescemos e nos tornamos arredios, revoltados por nossa própria natureza. Procuramos ardentemente nossos próprios caminhos, e nossa independência psíquica. Percebemos que nossos pais não são perfeitos, que não são heróis. Independentes de continuarmos amando-os, passamos a ser revolucionários por natureza, passamos a ser contestadores, as vezes até parece que olhamos nossos pais como inimigos.
Como filhos, continuamos crescendo, e aprendendo a viver nossa própria vida. Voltamos lentamente a perceber que nossos pais, na maioria das vezes, tinham razão. Nosso amor parece crescer, não como gratidão (apesar dela existir), não como compensação, mas como resgate da doação do AMOR recíproco que existia no inicio, e que algumas vezes passou a existir, quase que unicamente na direção de nossos pais para conosco.
Como filhos crescemos, e acabamos de alguma forma a também termos filhos. Aqui nasce uma nova família, centrada neste filho e tudo volta a ocorrer, desde o início.
FILHOS
Algo que todos com certeza somos. Gostemos ou não de nosso pais, conheçamos ou não eles, tenhamos sido criados ou não por eles, respeitemos ou não a eles e amemos ou odiemos nossos pais, sempre seremos filhos de alguém. Somos filhos e ponto.
Metade de nossa carga genética vem de nosso pai, e a outra metade vem de nossa mãe. Nem por isso somos um mix de ambos. Somos únicos, e sempre seremos solitários em nosso ser, seja ser, o que quer que seja. Seremos únicos também em nosso devir.
Por mais que nossos pais tenham participação em nossas vidas, por mais que nos deixemos envolver por pais dominadores ou super protetores, ainda assim seremos únicos. Podemos até culpá-los por nosso presente, mas não podemos dizer que não somos únicos. Somos, em última instância, responsáveis diretos por nossos atos, tão logo deixamos nossa juventude.
Ninguém vive a nossa vida. Somente nós, vivemos as nossas experiências de vida. Somente nós, sentimos nossas dores, nossas alegrias, nossos medos, nossos prazeres, nossas felicidades, nossos mais íntimos sentimentos, nossas emoções, nossos desejos. Somente nós, pelo menos aqueles que possuem algo de místico em seu sentir, podemos sentir nossas próprias experiências astrais ou transcendentais. Somente nós, nós próprios, podemos viver nossos pensamentos e nossas crenças.
Somos complexos, somos um pouco do que nascemos, é lógico, mas somos também o que a vida nos tornou. Temperamos nosso ser com um pouco do que desejamos conscientemente ser, e desta forma, por isso mesmo, somos únicos em nosso complexo mundo físico, biológico, mental, psicológico e social.
São raras as certezas que podemos ter. Uma delas, talvez a maior, é que a morte física nos pertence. Ela virá, por mais que não a desejemos. A morte nos será eternamente certa, entretanto não a devemos temer. Ela não é nada. Do nada viemos, e para o nada, com certeza, nos dirigiremos. Mas por que temer o que não é nada. Não devemos assim, temer a morte. Devemos sim amar, louvar e desejar a vida. A morte nos será certa. A vida nos é eterna enquanto eterno for o nosso presente.
Realizem comigo: A morte é exatamente a eternidade do nada. Jamais dividiremos um só instante, um ínfimo e micro instante com a morte, posto que enquanto vivos a morte nada é, e quando morto, eu nada sou. Assim, jamais compartilharemos em vida da morte, por isso devemos vê-la como nada. Porque sofrer pelo nada. A morte para a vida nada é.
Outra certeza que carregamos, tão forte como a anterior, é que se nascemos, somos filhos.
Podemos até não nos sentirmos filhos, podemos rejeitar nossos pais, mas isso não nos retira o atributo de filhos.
Sexo natural, inseminação artificial, fecundação in-vitro, sexo forçado, desejado ou não, contudo continuamos sendo filhos. Mesmo que mentalmente busquemos apagar de nossa mente a imagem de nossos pais, removendo a lembrança de que eles tenham existido, jamais apagaremos de nossa biologia a assinatura de que somos filhos de alguém.
Se aqui chegamos, parte de nossa genética é de um pai, qualquer que seja ele, e outra parte genética é de uma mãe, seja ela ou não quem nos criou.
Amanhã, quem sabe, poderemos desenvolver a clonagem humana. Eu pessoalmente sou contra, mas este é assunto para outro texto. O certo que chegaremos a este dia, e a partir deste instante desaparece o conceito de pais (pai e mãe) como hoje o conhecemos.
Mesmo nesta data, onde a clonagem humana passe a ser algo verdadeiro, seja a carga genética totalmente de uma mulher, ou seja, ela originaria de um homem, ainda assim persistira, pelo menos o conceito de mãe, sendo esta aquela que gerou em seu ventre o ser que irá nascer.
É óbvio que a clonagem, além do conceito moral que deve ser bem discutido por toda a sociedade, suscitará novas dúvidas quanto a considerações éticas e biológica que serão postadas por esta nova realidade. Espero que o homem encontre justificativas éticas para as novas considerações que surgirão.
Como vimos, a mãe que gestou o clone, desde o zigoto, até o seu nascimento continuará existindo, por muito e muito tempo.
Alguém poderá dizer que o homem poderá um dia criar uma maquina, ou pelo menos um aparelho que propicie a gestação artificial desta nova vida. Em sendo isto verdade novas considerações éticas deverão ser levantadas e analisadas. Pelo que me consta, não estamos sequer perto de algo parecido. Por isso não me aprofundo nesta discussão, mas se existir tal possibilidade, ela arruinará, desta forma, o conceito de família.
Biologicamente falando, mesmo nos casos de clonagem humana, a célula zigoto, que desenvolverá o novo ser, possui biologicamente uma carga genética original, metade de um pai e metade de uma mãe.
Agora:
Se supormos que a carga genética para o clone, seja da própria mãe que fará a gestação do feto, ainda assim, esta carga genética é parte do pai da gestante e parte da mãe desta. Assim, este bebe, será geneticamente filho do seu avô e da sua avó. Neste exemplo, a mulher, cujo corpo, gera a criança, será mãe enquanto gerando o bebê, e irmã, enquanto uma analise genética. Qual será a saída ética e legal para esta situação, eu não sei.
Generalizando:
Existirá, com certeza, a uma mulher que será a mãe, que levará a gestação a contento.
A carga genética pode ser desta mesma mulher, de outra mulher, ou mesmo de outro homem. Porem toda a carga genética, de qualquer ser, será metade de seu pai biológico e metade de sua mãe biológica. Assim, geneticamente falando, este novo ser gerado inicialmente por clonagem humana, sempre terá um pai e uma mãe biológica.
Se eticamente e legalmente isto terá alguma influência, eu não sei, mas o que importa, para este texto, é que mesmo clonados, teremos sempre uma mãe responsável pela gestação, e geneticamente teremos um pai e uma mãe.
Apenas para mostrar o grau de complexidade que deve ser analisado, vamos supor que uma mulher, seleciona como carga genética, um dos seus avós. O bebe terá assim uma carga genética que é metade de seu tataravô e metade de sua tataravó. Ao nascer este filho, será maternamente gerado por um seu bisneto. Será um tio de seu bisavô, loucura estrutural, mas verdade possível.
Mesmo desta forma, continuaremos sendo FILHOS.
Um filho não nasce para seus pais, e sim para o mundo. Isto é um fato que não podemos esquecer, ou que não deveríamos esquecer. “Seus filhos não são seus filhos, mas filhos da ânsia do viver” já falava a muito temo K. Gibran.
Até este momento, permiti a minha mente fluir sem críticas, quanto ao filho biológico, mas ser filho é muito mais do que sê-lo biologicamente. Ser filho, é também uma ação de sentimentos, de vontade e de AMOR.
Somos filhos, também, de quem nos criou, sejam eles nossos pais verdadeiros, uma mãe solteira, um pai solteiro, uma família que nos criou ou nos adotou, sejam eles nossos avós, tios. Eles serão, também, nossos pais emocionalmente. Somos seus filhos, se não de direito, pelo menos de sentimentos e de dever. Somos filhos, igualmente, de entidades filantrópicas que podem ter nos criado, como asilos, orfanatos, berçários e etc.
Como filhos somos o cerne de uma família. Para este que aqui escreve, uma família nasce e ganha vida, quando é chegado um filho, seja ele natural, biológico ou adotado.
Um casal não é uma família, é tão somente um casal.
Uma mulher solteira, com um ou mais filhos é uma família.
Uma família tem a ver com continuidade, mas isto será assunto de um próximo texto.
Nascemos filhos, mas nascemos para o mundo. É nosso dever, respeitando sempre nosso pais, buscarmos nossa independência física, mental e psicológica.
Quando crianças, normalmente, vivemos a fase mais feliz de nossas vidas. Somos ingênuos, somos livres em nossa quase total dependência. Somos capazes de nos alegrar com amigos invisíveis, somos capazes de fazer de uma pedra um carrinho, de outra pedra um boneco, de uma tampinha de refrigerante um tesouro, de uma caixa de sapatos um cofre para nossos tesouros. Normalmente vemos nossos pais como perfeitos e como heróis.
Sempre filhos, crescemos e nos tornamos arredios, revoltados por nossa própria natureza. Procuramos ardentemente nossos próprios caminhos, e nossa independência psíquica. Percebemos que nossos pais não são perfeitos, que não são heróis. Independentes de continuarmos amando-os, passamos a ser revolucionários por natureza, passamos a ser contestadores, as vezes até parece que olhamos nossos pais como inimigos.
Como filhos, continuamos crescendo, e aprendendo a viver nossa própria vida. Voltamos lentamente a perceber que nossos pais, na maioria das vezes, tinham razão. Nosso amor parece crescer, não como gratidão (apesar dela existir), não como compensação, mas como resgate da doação do AMOR recíproco que existia no inicio, e que algumas vezes passou a existir, quase que unicamente na direção de nossos pais para conosco.
Como filhos crescemos, e acabamos de alguma forma a também termos filhos. Aqui nasce uma nova família, centrada neste filho e tudo volta a ocorrer, desde o início.
FILHOS