Cuidando dos “Filhos”
Ôpa!
“Filhos” entre aspas?
Eu explico: meus verdadeiros filhos, ou melhor, filhas – só tenho duas – já foram bem cuidadas e hoje são independentes, não necessitando mais dos nossos cuidados.
Acontece que, quando criança, os filhos têm desejos nem sempre atendidos pelos pais. Mas, a avó...
E eis que foram presenteadas com dois filhotes de papagaios, que sobraram para mim. Agora, com desejos diferentes, morando em apartamento, nada mais conveniente do que deixá-los aos cuidados do pai, que ainda mora em casa.
A rigor, pela sua origem, seriam mais “netos” do que “filhos”. Entretanto, costumo dizer que “cuido dos meus filhos”. É a minha primeira obrigação matinal. Faço a limpeza de sua gaiola, troco água e comida, forro o piso com papel para que seus excrementos não grudem, facilitando assim a limpeza do dia seguinte.
Como o meu bairro já está se “verticalizando”, com a construção de edifícios, já me preocupa o fato de ter de morar em apartamento. É que esses bichinhos acordam muito cedo e se não forem atendidos em tempo hábil eles ficam gritando “painho, painho” e podem incomodar o vizinho.
Esses meus queridos animais de estimação já foram objetos de duas crônicas aqui no Recanto das Letras, “A Liberdade dos Pássaros I e II”, caracterizando o meu apego por eles e, ao mesmo tempo, uma dorzinha na consciência por mantê-los fora do seu habitat natural. Entretanto, a essa altura, já foram condicionados ao convívio com os humanos e talvez não soubessem buscar a própria sobrevivência num mundo estranho. Têm tudo ali ao seu alcance, sem nenhum esforço. E, nesta Copa, iriam sentir a falta da televisão. Um deles é fã do Galvão Bueno, principalmente na hora de gritar o gol. Se esparrama todo, bate as asas e grita mais alto de que nós: “Gooool...”
Difícil renunciar a um “filho” assim. Confesso que já os considero filhos, sem aspas.