UM MUNDO SÒ
Lêda Torre
O futebol é uma das maiores paixões do povo brasileiro. E por causa dos brasileiros, do mundo também. Mesmo ganhando ou perdendo as pessoas continuam com essa paixão. Quando se fala de Copa do Mundo todos ficam atentos para torcer por seu país, não importa onde esteja. Todas as nações se unem e acompanham este grande evento. É interessante ressaltar a grande diferença entre os países, em relação ao modo de se vestir, de se alimentar, de viver suas músicas, de cultuar o seu Deus ou seus deuses, de praticar seus costumes, de fazer a sua moda ao seu modo em tudo, de viver a maior diferença entre os povos, a etnia, a linguagem multifacetada, etc.
Nunca se falou tanto em pluralidade cultural, em diversidade racial, em globalização, em economia, em religião, em alimentação, em cinema, em raças, em cultura, em talentos, em jogos, em esportes, em televisão, em mídias, em sexo, em dinheiro, em telefones, em violências, em amor, em vida, nunca se falou tanto em tanta coisa... E a vez é essa!
É possível desenvolver diversos conhecimentos através deste evento, pois o futebol tem um grande espaço em nossa cultura e é preciso lembrar que um evento como a Copa reúne vários países sem a famigerada discriminação das diferenças tão iminentes em outras ocasiões. Ainda bem. É hora de se vivenciar in loco essas diferenças que dividem continentes, estragam vidas, destroem valores, desconstroem uniões, desestabilizam economias aparentemente firmes, fazem guerras entre esses mesmos países, hoje unidos por outros objetivos. È triste, mas é uma realidade que não se pode ser indiferente. Tá na nossa cara.
Vamos aproveitar também nesse momento de muita emoção, para divulgar, valorizar e conhecer as outras vertentes que cada país, cada povo possui em potencial e que desejaria fazer essa troca tão salutar. É a vez de a alteridade entrar em evidência. É a vez de se respeitar os outros, em sua ínfima peculiaridade, tão ímpar quanto o somos. Somos únicos no planeta. Ninguém é igual a nós. Ninguém!
E numa abordagem muito ética, sabemos que nessa vida nem sempre se vence. È mister jogar um pouco, com o tempo, com os problemas, com o outro, com as perdas, com as dificuldades, com tudo nesta vida. Mas é importante jogar. Porque num jogo,se aprende valores como respeito, solidariedade, união, inteligência, honestidade, e a alegria da vitória, ao lado da tristeza da perda, da traição, da sujeira, do crime, da violência, da corrupção, coisas inerentes ao homem, infelizmente.
Pena, que nós humanos, de natureza tendente ao erro, mas também aos acertos, devíamos procurar mais, ser à imagem e semelhança do grande Criador, que nos fez tão perfeitos. Mas o nosso mal ainda é a lepra do pecado. Pecado que devia ser banido da terra. Mas o danado é que se enraíza cada dia mais.
Mas é tempo de Copa, união de povos, de alegrias, de tristezas para quem por ventura perde, e não vale lamentar-se, porque a vida continua, ainda que haja ganhos e perdas. É mais interessante ver, que os lugares envolvidos mudam, as pessoas se preparam para esse grande evento. Quem tem a oportunidade, é a chance de ver seus ídolos do esporte, de conhecer lugares diferentes do trivial, pode-se ver de perto a arquitetura dos estádios enormes e diferentes geometricamente, os diversos idiomas, se fundem numa sintonia quase única, que ali não dar nem pra notar as diferenças de nada, é a vez de cantar o seu hino nacional, cada qual com seu cada qual. Nessas horas o estrangeirismo funciona de forma marcante, os neologismos são mesclados, os vícios de linguagem aparecem mais evidentes, e aparecem até gírias e palavras novas por conta de todos, numa ciranda linda e colorida. É o fenômeno da troca, que lindo!
As figuras de linguagem terão sua vez de bailar como se fosse uma pessoa viva e bem viva, pela dinâmica da própria linguagem humana, que é também muito rica. Sem contar que meio a toda essa ciranda mundial, surgem depois dos jogos, nas concentrações o momento das rodas de conversas, das críticas, das discussões divergentes, dos rumores, até das mentiras muitas vezes das mídias que querem se aproveitar, os jogadores que levam suas mulheres, têm aqueles momentos de comunhão no amor, nos tours, e em outros tantos momentos, e tudo isso fazem uma copa mundial. É o mundo se unindo num só.
Finalmente, chegará a grande vitória e seu país campeão, a euforia, o choro da perda, o choro compulsivo da alegria da vitória, a alegria de voltar para casa , e tudo retomará ao seu normal, na expectativa do próximo evento, que torna a começar tudo de novo. È isso aí, tempo de copa, afinal, eu também sou brasileira, não curto muito futebol, mas época de copa, é época de copa, e o sangue fala mais alto, na brasilidade que contagia o mundo inteiro, mas só nós sabemos praticá-la.
________________________São Luis, 11 de junho de 2010__________