A garota da sorveteria
Tem uma sorveteria perto de onde moro, ou é caminho, ou são muito gostosos seus sabores ou tem uma garota encantadora que trabalha lá. Vivo arrumando pretextos para vê-la. Já elegi minha desculpa oficial, um picolé de chocolate que lá tem; ou será o sabor de cupuaçu? Nessas alturas do campeonato nem me lembro o que tanto digo à ela, quase não escuto minha voz na memória. Só escuto a dela. Eu sei que é uma estória banal, mas no fundo eu queria que ela lesse isso, e não. Me olhasse com aqueles olhos verdes e um pontinho preto e mil linhas castanhas, e fosse minha.
Já perdi a conta dos ensaios. Pensei até em simular um desmaio. Não vejo graça em sair com um doce na boca que logo se acaba. Ainda bem que sorvete é barato!