AS FORMALIDADES DA ESCOLA (Escola Sem Aula, Sem Série e Prova: DÁ CERTO?)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Claudeci Ferreira de Andrade

Deparando-me com este pensamento de Ernesto Sábato: “Creio que a verdade é perfeita para a matemática, a química, a filosofia, mas não para a vida. Na vida, contam mais a ilusão, a imaginação, o desejo, a esperança”. Então, Pensei em como o sistema educacional pretende formar cidadãos inserindo-os na vida, pois com tanto "profissionalismo" ainda está longe do ideal!

Os alunos são convidados a fazer carreira no mundo, enquanto segue normas que favorecem a predisposição para o fanatismo social, floculação das camadas sociais. As verdades da escola solidificadas tornam-nos insensíveis. A violência no ambiente escolar é uma manifestação natural da ilusão, da imaginação, do desejo e da esperança fazendo resistência à verdade tão apreciada por si mesma. A verdade nunca esteve tão distante dela mesma a ponto de precisar está sendo ela mesma a cada instante.

Como vou continuar ensinando meus alunos a construírem castelos de pedra se os de areia são recomendados pela natureza e remodelados constantemente pelo vento? É a vida tão vulgar assim? Digo vulgar com a mentalidade de professor tradicional, pois ainda sou. Mas, por que têm tantos que são forçados a precisar das verdades do sistema educacional, e outros nem precisam disso para fazer sucesso e viver bem na "Classe A” da sociedade? Aqueles indivíduos convencionais já podem ser descartados do mundo real, pois são luzes, testemunhas poderosas, funcionam como prova de que a escola está vendendo austeridade e apenas isso. Assim, fica difícil crer na escola como a salvadora da sociedade com a educação de seu umbigo.

Bons alunos da escola sistematizada são fracos o bastante, comparados com os alunos da escola da vida rotativa, estes corrompem o tradicionalismo e a formalidade, aqueles não, solidificarão mais ainda o sistema engessado presente. E para melhorar o sistema educacional, ninguém, exceto a vida parece saber o que fazer.

Por que os alunos não têm respeito e consideração às autoridades educacionais da escola? Será se descobriram tarde demais a existência de outro mundo próspero e também real: o mundo da ilusão, da imaginação, do desejo, da esperança? Em meu desespero, pressionado a ser como meus chefes querem, cheguei a pensar isso! Desculpem-me os mais conservadores. Porém, permitam-me só mais uma pergunta. Se a verdade por si só se defende, então qual é a necessidade de dar bicicleta, lanche, uniforme, dinheiro para manter os alunos na escola pública? Um pouco de ilusão não mata ninguém!

Se não for atrativo saber sobre o professor, cujo o profissional não deu certo em outras profissões ditosas, então não diremos nada sobre o coordenador inábil como professor? Estou doido, já não sei mais o que é verdade ou ilusão; desejo ou esperança; nem imaginação ou realidade! Salvem-me do fanatismo social, ou da mania de grandeza. Ou Façam-me educado sem a educação. Ou talvez tenha razão o educador português José Pacheco: "TRABALHO HÁ MAIS DE 30 ANOS COM ESCOLA QUE NÃO TEM AULA, SÉRIE E PROVA, E DÁ CERTO". (http://educacao.uol.com.br/noticias/2009/06/30/escola-sem-aula-serie-e-prova-da-certo-ha-mais-de-30-anos-diz-educador.htm) — acessado em 20/02/2016.

O que o professor José Pacheco não descobriu foi o fato de a educação brasileira ser mero cabide de emprego, e existem coordenadores regulando qualquer ação de professor inovador. Quem ousa deixar de aplicar prova timbrada? Deixar de mostrar "planinhos" escritos para arquivar? E talvez, se esqueceu também sobre o dinheiro destinado à educação, quase não chega à escola.