Quanta intimidade!
Os cabelos daquela moça eram reluzentemente negros. Mas os neurônios dela, com toda certeza, eram loiros. No sentido metafórico, é claro.
Numa noite de sábado, convidou as amigas da escola pra irem a um baile no clube do qual seu pai era sócio e havia reservado uma mesa. Lá se foram as moçoilas contentes, umas seis ou sete delas, e não demorou quase nada pra que a mais magrinha e pouco atraente fosse tirada pra dançar.
Ela, sendo castanha de cabelos e neurônios, percebeu logo a jogada do rapaz: a feiosa não vai recusar e ainda será o meu passaporte pr'aquela mesa cheia de beldades.
Acertou na mosca! No final da música, o garotão perguntou se poderia se sentar lá com elas. A magrela disse que iria consultar a "dona" da mesa.
-- Ei, o m a n c e b o ali -- ela disse, com um sorriso cínico, destacando bem o substantivo -- perguntou se poderia se sentar aqui com a gente.
Sua colega, dona da mesa, arregalou os olhos e lascou a exclamação:
-- Nossa, amiga, quanta intimidade! -- e, diante da muda indagação da outra, explicou -- Já sabe até o nome dele, hein?
Foi uma explosão de gargalhadas entre as meninas! Sendo que duas ou três eram loiras, mas cujos vocabulários eram morenamente mais ricos que o da colega dona da mesa.
E o m a n c e b o, que ficara um pouco afastado enquanto esperava pela resposta, pensando que estavam rindo dele foi-se embora todo tristinho, coitadinho...
N.A. - A referência à cor dos cabelos é só brincadeira. Algumas das mulheres mais inteligentes e cultas que conheci eram loiras, viu, meninas? :)