Mensagem Messiânica
Nos fins-de-semana, ela me entregava o seu jornalzinho. Eu não lia uma só de suas páginas. Mas, recusá-lo, seria uma inominável grosseria.
O jornal, de ótima feição gráfica, era o porta-voz da Igreja Messiânica. Na sua primeira página ele sempre trazia, com destaque, o retrato de Meishu-Sama, o fundador da Igreja, um japonês de sorriso largo e convincente.
Com facilidade, fui constatando que a entusiasmada messiânica não se satisfazia em, apenas, oferecer-me a folha de sua Igreja. Com a sagacidade e a pertinácia de uma pastora convicta e bem-treinada, o que ela mais desejava era arrastar-me para o seu aprisco.
Aceitando seus conselhos, submeti-me, não sem muito relutar, a uma sessão de Johrei. Queria livrar-me, de qualquer jeito, de uma dor que, quando me perseguia, tirava-me a vontade de viver. Não é que a dor desapareceu! O Johrei funcionou, sem que eu acreditasse nele.
Apesar da surpreendente "cura", continuei resistindo às investidas da inofensiva e obstinada filha de Meishu-Sama, menina humilde, boa gente, minha colega de repartição.
Para desencorajá-la no seu firme propósito de me ver convertido ao seu Credo, fazia-lhe ver que ainda confiava nas vantagens oferecidas pela minha Igreja a quem desejasse um lugarzinho no céu.
Mas ela não ligava pros meus arrojados argumentos teológicos. E, indiferente à minha pregação, seguia trazendo-me o seu jornal, às sextas-feiras, minutos antes do expediente da repartição ser encerrado.
De súbito, ela passou a querer levar-me a um culto. E dizia, com redobrada ternura: "Só para o senhor conhecer." Nunca aceitei seu convite; descartava-o, delicadamente.
Um dia, antes de me aposentar, ela entrou apressada no meu gabinete, e me entregou a "mais nova edição" do jornal messiânico. Agradeci, e dela despedi-me, dando-lhe um abraço ecumênico.
Quando me preparava para mandar o jornalzinho para arquivo morto, sua manchete principal impediu-me de fazê-lo. Falava de um tal "mundo dos felizes".
Até onde me foi dado perceber, a matéria sugeria aos adeptos do venerável Meishu-Sama que recriassem o "Paraíso Terrestre". E em cima do novo Paraíso, construíssem um mundo melhor.
Achei a proposta inexequível. Lembrado de que o único Paraíso que existira sobre a face da Terra, não dera certo. Fora destruído pelo homem, quando, segundo o Livro do Gênesis, pecara ao desobedecer as ordens de Jeová. E o que fazemos nós, ainda hoje, nós, os filhos de Adão e Eva, senão pecar, pecar, e pecar?
Naquele dia, li o jornalzinho de minha colega de cabo a rabo. Pode parecer exagero, mas, depois de devorá-lo, senti-me mais estimulado a brigar por um mundo mais abençoado. Independente da criação de um novo Éden, ou de ser mais um seguidor do simpático Meishu-Sama.
Nos fins-de-semana, ela me entregava o seu jornalzinho. Eu não lia uma só de suas páginas. Mas, recusá-lo, seria uma inominável grosseria.
O jornal, de ótima feição gráfica, era o porta-voz da Igreja Messiânica. Na sua primeira página ele sempre trazia, com destaque, o retrato de Meishu-Sama, o fundador da Igreja, um japonês de sorriso largo e convincente.
Com facilidade, fui constatando que a entusiasmada messiânica não se satisfazia em, apenas, oferecer-me a folha de sua Igreja. Com a sagacidade e a pertinácia de uma pastora convicta e bem-treinada, o que ela mais desejava era arrastar-me para o seu aprisco.
Aceitando seus conselhos, submeti-me, não sem muito relutar, a uma sessão de Johrei. Queria livrar-me, de qualquer jeito, de uma dor que, quando me perseguia, tirava-me a vontade de viver. Não é que a dor desapareceu! O Johrei funcionou, sem que eu acreditasse nele.
Apesar da surpreendente "cura", continuei resistindo às investidas da inofensiva e obstinada filha de Meishu-Sama, menina humilde, boa gente, minha colega de repartição.
Para desencorajá-la no seu firme propósito de me ver convertido ao seu Credo, fazia-lhe ver que ainda confiava nas vantagens oferecidas pela minha Igreja a quem desejasse um lugarzinho no céu.
Mas ela não ligava pros meus arrojados argumentos teológicos. E, indiferente à minha pregação, seguia trazendo-me o seu jornal, às sextas-feiras, minutos antes do expediente da repartição ser encerrado.
De súbito, ela passou a querer levar-me a um culto. E dizia, com redobrada ternura: "Só para o senhor conhecer." Nunca aceitei seu convite; descartava-o, delicadamente.
Um dia, antes de me aposentar, ela entrou apressada no meu gabinete, e me entregou a "mais nova edição" do jornal messiânico. Agradeci, e dela despedi-me, dando-lhe um abraço ecumênico.
Quando me preparava para mandar o jornalzinho para arquivo morto, sua manchete principal impediu-me de fazê-lo. Falava de um tal "mundo dos felizes".
Até onde me foi dado perceber, a matéria sugeria aos adeptos do venerável Meishu-Sama que recriassem o "Paraíso Terrestre". E em cima do novo Paraíso, construíssem um mundo melhor.
Achei a proposta inexequível. Lembrado de que o único Paraíso que existira sobre a face da Terra, não dera certo. Fora destruído pelo homem, quando, segundo o Livro do Gênesis, pecara ao desobedecer as ordens de Jeová. E o que fazemos nós, ainda hoje, nós, os filhos de Adão e Eva, senão pecar, pecar, e pecar?
Naquele dia, li o jornalzinho de minha colega de cabo a rabo. Pode parecer exagero, mas, depois de devorá-lo, senti-me mais estimulado a brigar por um mundo mais abençoado. Independente da criação de um novo Éden, ou de ser mais um seguidor do simpático Meishu-Sama.