LEMBRANÇA DE UMA MARIA-FUMAÇA
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que ganhei uma pequena maria-fumaça. Completava naquele dia seis anos.
Os tempos passaram, creio eu que me desfiz dela quando completei vinte e oito anos, sei lá – o primeiro ou segundo ano de vida do meu pequeno. Ah! Como esse pequeno é!
Carreguei-a por muitos anos, salvo engano vinte e dois anos de minha vida. Dona Natalina que presenteou-me! Não era um luxo, mas marcou-me pela vida que tive. Pequena, nada mais que dez centímetros de altura por vinte de comprimento. Trazia consigo as cores azul, amarela e vermelho-desbotado. Composto das peças do maquinista, rodas dianteiras e traseiras (esta que fazia o maquinista subir e descer) e chaminé vermelho-desbotado; corpinho da maria-fumaça movimentava através dos sobes e desces do eixo traseiro em azul, e a cabine em amarela. Era o charme!
Os anos passam, ficamos velhos, passamos para os filhos. Estes não entendem bem, jogam no chão esquecendo (ou não entendendo) o que um simples brinquedo – nada eletrônico – significa para quem o possuiu. Mas, deixaremos para a eternidade? Melhor que fique entre os nossos.
Mas até hoje ainda lembro da maria-fumaça que carreguei durante os longos vinte e dois anos que permaneceram em meu poder.
Ah, outro dia abri o guarda-roupa e achei um ‘caminhão do Faustão’ – você lembra das promoções que o Fausto Silva fazia? Entregando prêmios e mais prêmios aos sortudos? Pois bem, ganhei um caminhão daquele em miniatura.
Foi assim... mas é outra história.