Eu sou brasileiro com muito orgulho!!!

Copa do Mundo chegando e problemas resolvidos. Esse evento consegue amenizar muito das mazelas que nos assolam. Esquecemos, por instantes, que vivemos com salário mínimo e gastamos uma economia de fome comemorando a vitória do patriotismo temporário. Patriotismo temporário. sim, pois bandeiras são hasteadas e o hino é cantando e bisado. apenas. nessa época. Época do ufanismo brasileiro.

Com a Copa do Mundo a alegria transborda pelo país, feriados são decretados e. assim, nesse momento patrão e empregado bebem e brindam a igualdade. Todos juntos numa só corrente, gritando e berrando o orgulho de ser brasileiro. Políticos torcem pela vitória da seleção; o título desse torneio é um unguento e as feridas expostas da corrupção são mascaradas com um troféu.

A seleção vai entrar em campo! Piiiiiiiiiiiiiiiii( som de apito), o país para em frente a TV enquanto narradores, roucos, gritam: é do Brasil!!! O gol é comemorado com um entusiasmo que chega a encher a barriga da miséria. Aliás, miséria e riqueza caminham dividindo o mesmo show oferecido. Duzentos milhões em ação é o Brasil unido, pelo menos, de quatro em quatro anos sentimos que podemos dar as mãos em busca de um mesmo ideal. Que pena que não damos as mãos de quatro em quatro anos para escolher o capitão do time que vai governar esse país.

A Copa do Mundo enche de orgulho e ufanismo o brasileiro. Os bares brindam, as ruas se enfeitam, inimigos se abraçam; tudo motivado por esse evento. A derrota é banhada com lágrimas e um silêncio de catedral, mas a vitória consegue acordar até a calmaria dos lagos.

Depois da Copa o que realmente se vê pelas ruas é a ressaca de cidadania. Bandeiras a meio mastro simbolizam o luto do patriotismo e o hino que antes era cantado, logo, é esquecido atrás de contracapas de cadernos escolares. E aquela velha estrofe é emudecida: eu sou brasileiro com muito orgulho!!! Que pena! Patriotismo não deve ser exercido de quatro em quatro anos!

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO