SAUDADES


                A folha em branco, o cenário perfeito, o ar de poesia, tudo me remete ao passado e convida a escrever. Como não?
               O chão já se cobre de fúccia, num tapete de invejar. Por todo lado os cheiros estão presentes num casamento perfeito. E, a sombra centenária a me abrigar com seus jardins aéreos de bromélias. Fatamente as letras não se conteriam e se emparramariam por sobre as folhas e flores. No ar, 

 o canto triste das cigarras, mas meu coração exulta com meu retorno...Retorno ás minhas origens poéticas, nos rastros traçados e caminhados por tantos e tantos itinerários líricos.
             Saudades de Ivam de Freitas querendo jogar na tela as árvores daquí. Saudades do poeta maior Jomar Souto, completamente embriagado de poesia, gritando no meio da mata o nome de seu grande amor. Saudades de Vanildo Brito se assombrando e assombrando com suas Tahinas e Minotauros, frutos de suas alucinações épicas. Saudades do pintor Raul Córdula eternamente se  misturando nas cores de sua paleta.
            Que Tahinas, que Andiras perambularão por entre essas árvores, que alma sem corpo insiste em estar presente na Fonte de Tambiá? Quantos mistérios insondáveis restarão em suas pegadas? Como resgatar uma enxurrada de cores, sons, ai sons de água escorrendo da fonte, de meus bambús cantantes. Muitos vão e se perdem nos caminhos da vida, nem sempre voltam. Vão-se como se nada tivesse ficado para trás, nem sombra, nem sonho, nem pegada.
          E, o que dizer dos caminhos cobertos de frutos, ora pretos ora dourados...Que dizer do tronco que pacientemente ouviu minhas lamentações de adolescente, eternamente apaixonada, eternamente sofrendo de amor em amor E, o troco, sempre mudo, compartilhava minhas dores e amores.
        Insondáveis e irreais são voces, ó habitantes desse santuário vivo, por voces eu me curvo e reverencio sua força e seu poder...Bendito sejas! Procurarei resgatar o pouco ou o muito de ti que restou em mim.
        Salve! Salve!