Psicologia e Espiritualidade
Psicologia e Espiritualidade
O “bicho gente”, expulso do ventre, aparece no mundo em absoluta desvantagem, tão indefeso que só sobrevive graças aos cuidados maternais, dos quais continuará a precisar até deixar de ser “bicho”.
Aí, já virado gente, defronta com a terrível evidência, continua tão frágil quanto era bebe no colo da mamãe. E, o que é mais aterrorizante, descobre que não pode contar com o papai para protege-lo, ele também impotente frente à imensidão do universo e a implacabilidade da morte. O já homem feito se vê em absoluto abandono, desamparado, só contra as armadilhas da inexorável natureza.
O que o faz sofrer não é carência material, ainda que a pobreza comova e indigna a injustiça do mundo. A fome se mitiga com fatia de pão, o frio de nosso inverno se aquece com restos de papelão.
Sua dor maior, seu padecimento na abundância é imaterial, se traduz na infindável sensação de desvalia frente ao indescritível desamparo, a indigna transitoriedade da vida, a terrível sensação de não ser amado.
Aí resta-lhe apelar para a Espiritualidade (não estou falando do espiritualismo da novela das seis, por enquanto!) que à semelhança do poderoso pai da infância, mas tanto mais onipotente, o protege contra a violência da natureza e o consola oferecendo, em lugar da finita vida material, as delícias da interminável vida espiritual ao lado do Pai!
Ou, então, suportar tudo aquilo, sem tanto estresse!!!