PROMESSA DE AMOR

Foi há muito tempo que já não lembro a data com certeza, um homem chegou da cidade grande, e passou alguns dias na casa de meus tios, e sempre ia até minha casa para conversar com meu irmão e meu pai, mas a verdade era que ele queria mesmo mudar meu nome de solteira: Rosa Rocha. No começo fui difícil, mas logo cedi a seus encantos, mas não como uma tola garotinha apaixonada.

Logo na primavera, ele foi a casa do meu pai, bem vestido e ao chegar na porteira desceu de seu cavalo e seguiu até onde meu pai estava e ali mesmo, pediu-lhe o que com certeza era o que ele menos queria se desfazer... Pediu minha mão em casamento, a resposta foi deixada a minha escolha. Algo que raramente acontecia lá no interior de minas gerais.

Fiz lhe o questionário, para saber se este realmente era digno do meu amor e minha companhia. Após ouvir as respostas que eu tanto queria, aceitei o mais depressa casar-me com Jose Valadão. Homem da cidade grande loiro de lindos olhos azuis.

A festa de noivado foi linda, um marco na vida de qualquer jovem, mas a surpresa ainda estava por vir, no meio da festa foi lhe perguntado qual seria a data de nosso casamento, e a resposta foi: “– dia 31 de outubro eu volto de são Paulo para nos casarmos e a levar para lá.”

Perdi o chão neste momento, todos na festa calaram-se e uns riram, perguntei-lhe se estava brincando, pois ainda era fevereiro, mas era verdade, e na festa todos riam pelos cantos. Depois da festa ele voltou para a cidade grande e me deixou na roça a esperar por sua promessa.

Enquanto os meses se passavam menos eu acreditava que ele voltaria, menos eu esperava que ele voltasse. Na cidade as pessoas riam de mim, porque a única mulher que o noivo a deixou e foi para a cidade grande. Não fui a procura de vestidos e nem ao menos me preocupei com festa, pois o medo de que tudo fosse em vão havia se alojado dentro do meu coração e tomado minha alma, em meus olhos não era possível enxergar amor, mas sim desconfiança e tristeza.

Amor, sim eu ainda o amava, sonhava com seus olhos e seu sorriso, mas não queria mais que ele viesse talvez eu não quisesse realmente isso, mas fingia querer, só para esconder a dor que meu coração me causava.

No mês em que a promessa seria cumprida, os dias passaram muito depressa, que não tive tempo para mudar a folha do calendário, mas no dia 31 o dia em que ele chegaria, o sol demorou a nascer e todos em minha casa demoram a levantar, a hora não passava, enfim chegamos ao almoço e depois consegui mudar a folha do calendário, pois tempo estava me sobrando.

Ao entardecer, meu coração apertou dentro do peito e lagrimas corriam discretamente por minhas bochechas, na porta da frente da casa, eu a espera do homem que me prometeu casamento e me levar a cidade grande, havia se esquecido ou mudado de idéia?

Para minha surpresa ao longe, na porteira do sitio um homem com uma mala na mão e um chapéu vinha a pé acenando com muita empolgação. Será uma miragem uma ilusão? Meu coração me traindo? Não, ao chegar a porteira ele correu pelo caminho, e como em filme eu corri em sua direção e nos encontramos no meio da estrada e em meio aos abraços uma linda caixa de veludo preto ele tirou do bolso e uma linda aliança brilhou ali dentro e dentro do meu coração novamente se acendeu a chama da paixão.

Dentro de quinze dias marcamos nosso casamento, compramos meu vestido branco e fizemos uma linda festa, para todos os que riram na minha festa de noivado. Em duas semanas eu havia me casado e estava indo para a cidade grande viver minha vida com meu grande amor.

A chama do amor se esfria, mas não se apaga. E agora sou a Sra. Rosa Rocha Valadão.

Kátia Cruz

Katia Cruz
Enviado por Katia Cruz em 09/06/2010
Código do texto: T2309426
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