O Vendedor de Balões
Um dia, eu quis ser vendedor de balões, e hoje sou. Não existe profissão mais bonita que esta. Sorrisos, felicidade, diversão, admiração e nunca vai sair de moda. Mas o que mais me fascinava eram, ainda são, os balões. E pensando bem, o que eu gostaria mesmo é de ser um balão.
Daqueles vermelhos, sabe? Com um formato bem bonito, que chame atenção. Mas, se me perguntarem: 'por que um balão?'. Ele é leve, tudo que quer é ser livre e subir, subir, até estourar quando for obrigado pela pressão atmosférica a isso. Ele está preso por apenas um fino fio que a qualquer momento pode se arrebentar ou seguro por uma criança tola que pode soltá-lo e ficar a observar, com lágrimas nos olhos, culpa e vontade de ter novamente.
O destino dos balões, senão estourar, é definhar, aumentar seu peso e afundar no chão até ser destruído por impiedosos em busca de diversão ou esvaziar lentamente devido a furos. Mas se eu fosse um balão seria daqueles que estouram no céu, que não retorna a terra, que tem um fim sozinho, porém bonito, discreto e digno de admiração aos que ousassem ver. Eu seria aquele balão que ninguém nunca acharia outro igual para repor quando fosse perdido.
Refletindo melhor, ouso dizer que sou um balão, sou esse balão. Existe uma mão me segurando através do fio da realidade que me prende, porém o horizonte da loucura, a perspectiva de conhecer algo novo, mesmo inconcebível, me atrai e eu faço força para cima, faço força para fugir. Tenho ânsia de conhecer o inusitado. Morrer com os pés no chão é algo impensável para um balão como eu.