Lagoa do Peri
Lagoa do Peri
Elsa B. Pithan
Uma obra de arte do Divino. Uma lindeza para admirarmos em silêncio reverenciador. Revigorarmo-nos com a energia que a brisa nos traz e que nos envolve e nos penetra.
Embevecida, foi assim que me senti quando vi a Lagoa do Peri pela primeira vez. Hoje, só alguns anos depois, já na entrada do Parque fiquei chocada e confusa. Um portão fechado e mais adiante uma entrada. A linda grama que outrora começava ali e ia até as areias da praia da lagoa não existe mais. As árvores imponente dentro do seu espaço erguiam suas cúpulas para o céu e a luz sol se aninhava entre as suas galharias dourando os bordados que as folhas faziam -não existem mais... se existem, desaparecem no meio de uma plantação de arvorezinhas estranhas para aquele lugar. Não fazem parte da paisagem. A ênfase do Parque, que deveria ser para a natureza, está voltada para o comércio. Carros e carros ocupando todo o espaço da entrada. Uma trilha batida ladeada por pedras ou alguns tijolos pintados de branco delimitavam os nossos andares, churrasqueiras de alvenaria, no chão, numa fileira de umas seis, atrapalhavam os visitantes, mesmo sem uso (como hoje), bancos e mesas espalhados até quase a beira da lagoa barateavam a beleza do lugar. Cartazes e canteiros de mudas também ajudavam a enfeiar o local.
A Lagoa do Peri é hoje uma grande poça d'água comercializada, embrutecida, humilhada, mas conserva ainda alguns traços da antiga beleza que só os que tiveram o privilégio de admirá-la há décadas atrás podem trazê-la arquivada em seus corações.