Analfabetismo e pobreza

ANALFABETISMO E POBREZA

“Um país se faz com homens e com livros " – Monteiro Lobato

Quem não sabe ler vive nas trevas, estaciona no tempo e fica restrito a ideias primitivas. As trevas do analfabetismo dificultam o desenvolvimento do indivíduo em qualquer atividade. Quem lê mal não interpreta o que lê e a leitura não faz sentido. Quem lê e não interpreta é um analfabeto funcional, não aprende a raciocinar, não absorve conhecimentos, habita um mundo limitado, dificulta o progresso de sua comunidade, a paternidade se torna irresponsável e repetitiva, a instrução dos filhos é deficiente ou nenhuma, ganha pouco e não tem poder de compra. Quem não tem poder de compra não movimenta as lojas de departamentos e o comércio não vende. Se o comércio não vende não compra das fábricas, estas não produzem e fecham as portas causando desemprego, carência, e as maiores das indignidades – a fome, o aumento da mortalidade infantil, a mendicância, o desespero. No desespero perde-se a fé em Deus, há irracionalidade, revolta e tumulto, agonizando a esperança. Sem esperança o indivíduo se vê absolutamente só e desamparado, entra num profundo estado de desorientação, gasta seus parcos tostões tentando ganhar nas loterias ou é enganado em sua inocência pelas palavras envolventes dos aproveitadores da crendice popular, os falsos profetas que prometem o céu na terra, que fazem supostos milagres “em o nome de Jesus”. Ou partem para o desespero maior: o latrocínio, que é a brutalidade mais covarde, assalto com morte de chefes de família ou jovens em idade produtiva por motivos muitas vezes banais. Com o assassinato dos chefes de família aumenta a orfandade, multiplica-se a infância desvalida e multidões de crianças esmolando são adotadas por traficantes, jogadas no vício e na indigência. Se há crianças indigentes perambulando pelas ruas fica comprometido o futuro do país e surgem as comunidades de miséria e insalubridade. Se há insalubridade há doença. Na doença há sofrimento e procura de socorro. Quem procura socorro e não tem recurso para comprá-lo tem que dormir nas filas dos hospitais, aceita a pobreza como obra do destino, fica desmotivado e angustiado num mundo que não lhe deu oportunidade, passando pela vida sem viver. Quem apenas passa pela vida é um coitado e vive de biscates. Quem vive de biscates habita embaixo de pontes, viadutos, encostas de morros e sobrevive da caridade alheia. Quem vive da caridade alheia alimenta-se de restos de comida doados por almas caridosas ou cata no lixo, não tem residência fixa, não possui parede ou teto que o proteja das intempéries e nem mesmo um leito para repousar seu corpo sofrido, os dias se sucedem numa rotina desesperadora e torna-se um grave problema social nos ombros da sociedade trabalhadora, sem noção de direitos e deveres. Quem não tem direitos e deveres não é cidadão, é um excluído e não sabe questionar. Quem não sabe questionar não pode concluir. Quem não pode concluir não se posiciona. Quem não se posiciona não sabe opinar, não lidera, não contribui, não acrescenta, não colabora com o meio em que vive, não reivindica, vira moeda de troca nas mãos dos políticos, é explorado por patrões inescrupulosos, fica dominado e não se impõe. Quem não se impõe não se destaca, não é citado nem deixa seguidores. Se não deixa seguidores é porque não plantou ideias, não deixou exemplos ou obras escritas porque não sabia escrever. Quem não sabia escrever é porque não aprendeu a ler. E quem não aprendeu a ler viverá sempre nas TREVAS DO ANALFABETISMO E NA POBREZA.